terça-feira, 28 de julho de 2009

Governo Serra e a farra do software na Educação



PARTE 2
(em continuação ao
José Serra – o pai da comunicação)

Depois de criar o agílimo call center (08007770333), pela Call Tecnologia e Serviços LTDA, ao custo de quase 4 milhões de reais, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) concluiu que faltavam, além de mais recursos humanos, equipamentos e software(s) para o trem andar como convém a uma repartição pública tão augusta. Não se esqueça do título do edital ganho pela Call: contratação de serviços terceirizados de teleatendimento. (Bi)Terceirizados, porque na FDE já existia o mesmo serviço. Pelo jeito não estavam dando conta – ou estavam demais.

Você já deve ter visto o tal edital 52/0020/09/05, citado anteriormente. Mas se perdeu a chance, recorra a ele agora e leia que a FDE fez determinadas exigências muito específicas às concorrentes, assim como assumiu um compromisso de honra:
  • que fosse habilitada como um Parceiro GOLD Microsoft, com a Competência Advanced Infraestructure (sic) Solutions;
  • que a ganhadora tivesse em seu quadro permanente, no mínimo, 1 (um) profissional detentor de certificação CRM Dynamic MB2-632;
  • que A CONTRATADA deveria contemplar 300 horas anuais, com técnicos certificados CRM Dynamic MB2-632, para o desenvolvimento e customização da ferramenta sempre que a CONTRATANTE solicitar deste serviço;
  • que ela deveria prover a integração da aplicação CRM Dynamics Microsoft com o PABX Alcatel (Sistema Alcatel – Lucent – OmmiPCX Enterprise – Edital: item 6.4.1)
  • que deveria utilizar o CRM Dynamics Microsoft e o banco de dados SQL Server 2008 para a implementação do Software para a Central de Atendimento, contemplando características básicas conforme Item 6 do Anexo II – Especificações Técnicas. A licença de software para o produto CRM Dynamics Microsoft será fornecida pela FDE. Este é o compromisso da FDE, a promessa que a levará a encher sua cestinha com outras compras e todas as conseqüências do ato.*OBS – ver as obrigações da Contratante (FDE) no item 6.20 – são ótimas.
Não é moleza montar um parque temático da Microsoft como faz tão bem o Estado de SP em suas dependências. Obedecendo a regra para nós somente o melhor, o mais caro, mais complicado a FDE exige o tal enigmático certificado Advanced Infraestructure (sic) Solutions – num Inglês de novela das seis. Muito "difícil" obter o título. Mais difícil ainda é saber quem são as empresas certificadas e "escolher" uma entre milhares. A exigida certificação CRM Dynamic MB2-632 não é para todo mundo, de acordo com as buscas no Google. Por falar nisto, experimente pesquisar aí (opção páginas do Brasil): "certificação CRM Dynamic MB2-632"; "CRM Dynamic MB2-632"certificação; "Dynamic MB2-632"; "Dyn MB2-632"; "Dyn MB2 632"; "CRM MB2 632".

O que há de mais interessante nos resultados? Em todas elas aparece o link para o Edital da FDE/Call. Parece coisa de encomenda, de tão perfeitamente casada. Guarde esta informação valiosa, mais adiante voltaremos a ela. O que se quer de alguém com tal certificação é que saiba domar o bicho, que resolva os pepinos vários, contorne a situação, ensine à plebe a usá-lo e deixe todos felizes. A Call foi a resposta. Detalhe: quem certifica as empresas é a própria Microsoft e, portanto, ela é quem na prática indica qual será a empresa com "competência para implantar e fazer a manutenção de seu software".

Quanto ao CRM Dynamics Microsoft, o Estado já o tinha, de fato; portanto não era uma promessa vã. Para realizar a façanha do call center, idealizado desde meados de 2008, a FDE resolveu comprar software aos borbotões e muito específicos, da eterna Microsoft. Lançou, então, em 19 de dezembro de 2008, o Pregão (Presencial) de Registro de Preços 56/0149/08/05 para contratação do direito de uso definitivo, não exclusivo, de licenças de software nas modalidades select academic e school agreement. No dia 16 de janeiro de 2009 saiu em DO a homologação da ganhadora: a Brasoftware Informática LTDA (CNPJ: 57.142.978/0001-05) – outra empresa fornecedora recorrente nas áreas governamentais, uma baita campeã premiada da Microsoft.

Agora além da Band, Alston, Editora Abril, Folha de SP, Rede Globo, COMGÁS, Prefeitura de SP, PRODESP, Metrô, Secretarias de Segurança, Meio Ambiente e Fazenda, Nossa Caixa, CPTM, UNESP, UNICAMP, DERSA, Tribunal de Contas do Estado, Departamento de Estradas e Rodagens, CEET Paula Souza, Oncocentro, CETESP, ARSESP, CESP, Fundação CASA, PROCOM, Procuradoria Geral do Estado e Diebold-Procomp entre outras, ela tem novamente a FDE como cliente. Portanto, a Fundação cumpriu a promessa com a empresa Call Tecnologia de fornecer o software para a sua central de chamadas.

Os CRM (Dyn Crm Pro Svr All Lng Lic/Sa Pack Mvl e Dyn Crm Pro Svr All Lng Lic/Sa Pack Mvl 5 Clt) vieram em meio a uma paulada de outros programas, conforme o Edital, assinado por João Thiago de Oliveira Poço (Diretor de Tecnologia da Informação), e Magda Moura Motta Nieto (Gerente de Sistemas de Informação). O mesmo pode ser visto no Cadastro Pregão, do Governo de SP, porém com informações diversas. Basta entrar e escolher a opção Pesquisa Vencedor; daí colocar o nome Brasoftware e aguardar os resultados; ao surgirem encontre o número 56/0149/08/05 – outra opção esta tabela aqui. No Cadastro Pregão há 53 ocorrências para o mesmo processo, que são justamente as compras feitas no pacote. Os CRM estão no meio. Não há outra compra semelhante registrada em DO, portanto, só podem ter sido adquiridos neste pregão. Se recorrermos ao DO de 7/fevereiro/2009, vemos que se confirmam os dados do Edital; os nomes de alguns foram reti-ratificados em DO no dia 11/junho, mas é tudo a mesma coisa.

A obnubilar o astro rei por meio d’uma poruca

Não vemos em DO o valor da negociação, nem aproximado, já que a empresa "ganha" por software instalado. Por outro lado, no site Pregão temos que o Valor Total (geral) Negociado é de R$ 2.796.848,34 – mas isto não é verídico. No site Pregão as quantidades são diversas das que aparecem em DO e no Edital, pois no Pregão são consideradas as quantidades mínimas, no DO as quantidades máximas – o correto. Portanto o valor do negócio no site Pregão não pode ser aquele que consta. Antes fosse.

Daí você me pergunta: Como assim, NaMaria? Um site do governo não mente jamais; tu tá doida, é?

Não mente mas confunde e omite. Então, para adiantar teu expediente, por favor dê uma olhada nesta singela planilha completa feita por mim – com quantidades corretas, com a reti-ratificação, e sobretudo, com os valores. Viu? Gostou? Nada mal para uma empresa, tipo a impecável Brasoftware, fazer um negócio capaz de chegar à bagatela de R$97.801.694,39.

Somente se uma bomba atômica caísse neste instante sobre a Brasoftware e a empresa fornecesse as quantidades mínimas, ela levaria o dinheiro que o site Pregão mostra. Como isso dificilmente acontecerá, aquele pequeno valor de quase cem milhões pode ser o limite a ser embolsado – caso não haja outra ratificação, prorrogação etc.. Não é sublime? Os irmãos e donos da contratada, Jorge Sukarie Neto e Eduardo Fouad Sukarie, estão pra lá de otimistas com seus negócios. Quem não estaria?

Passado o surpreendente valor, repare agora no item 45 da tabela completa: Forfrnt Clnt Sec Mgt Cnsl All Lng Monthly Subscription Mvl W/Sql. Percebeu o preço da coisa? Só nisso a Brasoftware pode levar R$68.754.600,00. Não é um absurdo descomunal o valor de R$4.583,64 para uma licença? O troço é mais caro que bons computadores completos. E ainda a FDE quer comprar 15 mil deles. Perguntas:
  • Para colocar onde?
  • Seriam para os computadores que funcionam como servidores no Acessa Escola? Projeto este que usa as toneladas de computadores "alugados" do Consórcio Educat (CTIS/PROINFO-DIEBOLD/POSITIVO) – já com sofware (Windows Vista Business All Lng Upg/SA Pack MVL Partners in Learning e Office Enterprise All Lng Lic/SA Pack MVL Partners in Learning; de 19.500 a 31.000 licenças mensais) –, que por sua vez fazem parte do projeto Computador na Escola?
  • O mesmo Acessa Escola fenomenal que deve usar o Blue Control da MStech – que não funciona, mas foi especialmente feito para a FDE?
  • E os outros itens da compra? Servem a quais máquinas e de onde?
  • Por que há licenças de 1 e 3 anos? No próximo ano a FDE fará novamente as mesmas compras - ou diferentes? Ou deixará as máquinas "descobertas" como já aconteceu no passado, caracterizando pirataria?
  • Quem saberia responder essas questões, que não o Secretário Paulo Renato Costa Souza e sua gentil equipe?
NOTA: Três pagamentos foram efetuados à Brasoftware em julho: R$ 258.406,55; R$ 142.617,34 e R$ 27.664,00 – todos assinados em 3/julho/2009. Mas só não se sabe quais dos softwares ou quantos, para quê, nem onde estão instalados ou para quem. Detalhes, detalhes...

Maravilha. Agora já sabemos como a empresa "de qualidade", Call Tecnologia e Serviços, avançou do Centro-oeste do país para agir na Prefeitura de SP (com José Serra) e depois direto para os negócios do Estado (com José Serra) – e se expandiu a ponto de ter dois escritórios em SP e um crescimento de 300% só nos últimos três anos.

Também sabemos que são necessários quase cem milhões de reais em softwares da Brasoftware (Microsoft) para tentar fazer funcionar a Call e, conseqüentemente, o Consórcio Educat, além das tarefas da MStech junto aos alunos estagiários do Acessa Escola.

Mas ainda faltam personagens: o PABX IP, outros equipamentos/serviços, o atendimento ao cliente, os treinamentos dados na FDE...

Aliás a imagem acima é, na verdade, mais uma pergunta a quem interessar possa: se no Edital da Call Tecnologia e Serviços está previsto que a própria empresa daria os treinamentos do CRM ao pessoal da FDE e outros (ver por exemplo: item 14.1.3; Categoria Profissional: Coordenador - Perfil Profissional Básico; (perfil) Gerente de Central de Atendimento, e item 17.1.3), por que aparece na apostila de treinamento CRM o logotipo da MStech e não o da Call? A quem, afinal, cabe esta farfúncia?
Boa pergunta. Há outras.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Tropa de elite de Serra não garante boa premiação

Pense aí comigo, você que não é besta nem nada.
Não é possível que nosso Governador José Chirico Serra tenha sido um completo ingênuo quanto ao fato da premiação que foi receber em Genebra, no início deste julho, ser de um grau rastaqüera infinito. O tal WFO - World Family Organization, da recomendável Sra. Deise Noeli Weber Kusztra, que seria da ONU, mas não é... Falta de assessoria não foi. Foi?

Porque, dá só uma espiada. Serra primeiro trocou, e ampliou, seus auxiliares diretos do ramo, incluiu a Sra. Júnia Nogueira de Sá na parada de seu Gabinete. Apesar de não haver no Diário Oficial de SP nenhuma ocorrência sobre a forma de sua contratação, é publico e notório que a moça trocou a indústria automobilística pelos negócios do Estado. Como ela foi contratada ainda não se sabe oficialmente, mas foi, atendendo a pedido pessoal do Governador. Ao que parece a jornalista não é de brincadeira, sabe direitinho o que é um bom marketing, afinal foi da Record, Folha, Exame, Abril, Veja.

José Serra, ao fazer o extreme makeover no quadro de assessoria comunicacional, também colocou ao seu lado a Sra. Helena Maria Gasparian, diplomata, esposa do Deputado Federal Arnaldo Jardim (PPS), que tão prestimoso foi nas campanhas de Serra, e sobrinha de Dílson Funaro.
É longa a carreira de Helena Gasparian na máquina governamental. Cedida pelo Ministério das Relações Exteriores foi trabalhar como Secretária Municipal de Relações Internacionais do Serra (no DO desde 2005). Ao mesmo tempo, foi diretora-vice-presidenta da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA-EMPLASA, vinculada à Secretaria de Estado da Economia e Planejamento - e continua sendo. Permaneceu no mesmo cargo de Secretária servindo ao Prefeito Gilberto Kassab, pelo menos até 2007 - quando oficialmente foi exonerada. Interessante o que o link anterior nos mostra: ela saindo da prefeitura, em 19/janeiro/2007, juntamente com Iara Glória Areias Prado e Cláudia Rosenberg Aratangy (aquelas responsáveis pelo projeto Ler e Escrever e livros pornodidáticos do Serra até hoje sem a sindicância apropriada).

Em 2008, além de permanecer presidindo a EMPLASA, Helena Gasparian ganhou a Medalha da Casa Militar do Gabinete do Governador, pelo Secretário-Chefe da Casa Militar, Coronel PM Luiz Massao Kita. Foi nesse dia de honraria (28 de outubro) que ela apareceu citada como Assessora Especial para Assuntos Internacionais do Governador José Serra, porém sem notação oficial em DO naquele ano. Somente agora, em 1 de julho, saiu sua designação para a Casa Civil. Este detalhe é deveras significativo.

De quebra, como se não bastasse o acúmulo de trabalhos árduos e remunerados, Helena Gasparian ainda tornou-se Conselheira Administrativa da CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - ao lado de nomes ilustres como: Francisco Graziano Neto (atual Secretário Estadual do Meio Ambiente), Ney Lopes de Souza (o pai do Ney Jr.) e Eduardo Piragibe Graeff (tesoureiro do PSDB, ex-secretário de FHC), entre outros.

Na viagem do nosso vibrante José Chirico Serra à Suíça ela foi junto (de 6 a 10/julho - data corrigida pelo DO 21/julho), a fim de acompanhar programação oficial, assim como foram outros assessores de comunicação: Paulo Elias Martins de Moraes (de 6 a 11 - corrigida) e Paula Santa Maria (de 6 a 8), além de José Henrique Reis Lobo (de 6 a 11 - corrigida), seu Secretário de Relações Institucionais.

Como é, então, que com todo esse povo esperto ao redor, Serra não sabia que o prêmio era uma tremenda cascata? Ninguém se informou, não? Não poderiam ter-lhe arranjado outra premiação mais idônea? Tem coisas que não compreendo. Decididamente.
Depois vem a Sra. Júnia Nogueira dizer que quem não entendeu nada fomos nós e estamos caluniando o pobre? Faz um favor, pois: corrija lá no DO a fala do ilustre Deputado Ed Thomas (PSB), de 8 de julho. Assim a gente passa a crer só no que é correto.

E se você também não entende como há tantos conhecidos e bons Conselheiros espalhados pelas empresas do Estado, sob a guarda de José Serra, aguarde. Eu e o CloacaNews estamos preparando uns textos lindos exatamente sobre o tema, bem como sobre esse nepotismo cruzado que assola o universo.
O Sarney? Coitado, ele é só mais um, diante do que veremos.
Estamos pesquisando para melhor servi-los.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Paulo Renato assegura mais um salário



Como se sabe até em Vênus, colaborei com o CloacaNews no post Secretário-lobista de Serra recebe dinheiro de autarquias paulistas, em 3 de junho de 2009. Também pode-se ver complementos neste texto. Falamos da pujança incansável de nosso nobre Deputado Federal, o Secretário de Educação Paulo Renato, e dos valiosos conselhos que o mesmo distribui por aí, remuneradamente.

Não bastasse o que consta naquele brilhante texto cloaqueiro, eis que agora me deparo com mais uma área a ser aconselhada por este bastião da sapiência - obviamente em troca de milhares de moedas. Não satisfeito em ocupar altíssimo posto educacional do Estado de SP, além de suas outras atividades paralelas, o homem agora será Conselheiro Administrativo da COSESP.

Paulo Renato (ou Paulo Renato Costa Souza ou Paulo Renato de Souza ou Paulo Renato Costa de Souza, dependendo do momento) deve entender de seguros pra caramba, assim como entende de Educação. Dará contribuições preciosíssimas sobre auxílio funeral, invalidez permanente, apólices várias, sinistros em geral e entre outras desgraças, licitações.

Na imagem acima, emoldurada na mais fina peroba, está a confirmação oficial de suas boas intenções para com a empresa sob coordenação direta do governador do Estado José Serra, assinada no dia do 220º aniversário da Queda da Bastilha. Basta clicar para ampliar e ler a singela missiva. Ou vá direto ao DO de SP.

domingo, 19 de julho de 2009

José Serra - o Pai da Comunicação



PARTE 1

Por acaso você já ligou para a Prefeitura de São Paulo utilizando o número 156? Como foi o atendimento? Conseguiu o que desejava? Ficou satisfeito?

Pois saiba que quem administra as chamadas para os serviços dispostos pela prefeitura de SP, desde abril de 2006, quando José Serra ocupava o posto principal, é a empresa Call Tecnologia e Serviços LTDA (CNPJ 05.003.257/0001-10), também conhecida como Call Contact Center. À época o fato foi muito comemorado pelos envolvidos, José Serra estava radiante. Obviamente não pelo certame vencido pela nova empresa, em licitação, cujos pagamentos mensais eram em torno de R$1.250.000,00 e chegariam aos 30 milhões por dois anos de serviço. Comemorou-se bastante porque houve um acréscimo de 15% nos atendimentos e graças à mudança da Perform (empresa anterior) pela Call, com o apoio eterno da PRODAM, evitou-se a paralisação do atendimento aos munícipes. O povão ligador, no entanto, teve outra opinião.

Pó pará, NaMaria. Você disse que o contrato valia por dois anos, então ele acabou em 2008, né? Tolices de vossas partes, honrados leitores. O fato é que a Prefeitura desde março de 2008, agora a mando do senhor Kassab, prorroga a coisa toda pela Secretaria Municipal de Gestão (MSG) e outras. É aquela velha máxima futebolística aplicada aos negócios públicos: não se mexe em time que está ganhando. Lá vamos nós à história.

Vide DO da Cidade, primeira ocorrência 24/fevereiro/2006, contrato 002/CGBS/SMG/2006 - Processo administrativo: 2005-0.316.832-3. Corrige-se a data de início de vigência para 30 de março de 2006. Em outubro de 2006, no entanto, a maré não estava boa para a Call, só pode ter havido uma sabotagem no sistema: a coitada foi multada pela Coordenadoria do Governo Eletrônico e Gestão da Informação - CGEGI, só porque não cumpriu cláusula contratual de atender de 5.500 a 7.500 ligações na hora de maior movimento e por não atingir 90% do serviço estabelecido. O povaréu não perdoa, gente de má fé. A pobrezinha da empresa dos Srs. Ruy Trida Júnior e Luiz Cláudio Tiveron, foi lascada em 0,1% do valor total, ou seja: 30 mil reais. Depois disso, o ano de 2007 passa como se a Call Tecnologia não existisse para o DO da Cidade, sem um mísero link – um céu de brigadeiro.

Chega 2008 e as coisas oscilam. Tudo começa bem, vem o primeiro aditivo. Ou seja: vamos aumentar o rabo da cobra. DO Cidade, 9/maio/2008 – publicado atrasado por omissão - Extrato do Termo Aditivo 01 ao Contrato 002/CGBS/SMG/2006 – sem notação de valores, não me pergunte o motivo. Mas, em 17 de junho, a mesma Coordenadoria da multa de 2006 dá uma feia advertência à Call por não cumprimento de contrato. A contratada, por sua vez, se fez de besta e a Coordenadoria tascou-lhe novamente multa de 0,1%, em agosto, que como se sabe é mês do cachorro louco, não se brinca. Vem setembro; às portas da gentil primavera a Call é notificada com outra advertência em razão de descumprimento do item 12.1.2 do contrato. Sempre a mesma ladainha, talvez a CGEGI não entenda nada das mazelas do atendimento aos munícipes que a empresa especializada encara diuturnamente. Contudo, não há mal que sempre dure: em 30 de outubro sai a esperada autorização para prorrogação por mais 5 meses do Contrato 002/CGBS/SMG/2006, pela Coordenadoria de Gestão de Bens e Serviços – CGBS, Departamento de Gestão de Suprimentos e Serviços. Valor total: R$ 7.759.198,30. Valor da prorrogação: R$ 3.197.073,97sendo que o restante onerará a dotação do exercício seguinte. A confirmação se apresenta em 20/novembro/2008: Extrato de Termo Aditivo 02 ao Contrato 002/CGBS/SMG/2006 – alterando a cláusula 5a.

Ano novo, vida nova e multas frescas em 2009. Em 28 de janeiro, o Secretário-executivo de Comunicação, Marcus Vinícius Sinval, aplica multa de R$17.944,19, pois houve interrupção da comunicação entre a Central 156 e a PRODAM. Poucos dias depois, a Secretaria Executiva de Comunicação exige R$120 mil da Call pelos mesmos motivos anteriores, em 27 de fevereiro de 2009, a serem descontados no pagamento próximo. O fato repete-se em 20 de março, mudando o valor para R$ 240 mil.

Daí as mordidas cessam e no dia 27 de março vem o sopro. A SECOM autoriza a continuidade da empresa por mais três meses. Então, senhoras e senhores, no dia 7 de abril aparece o sensacional Extrato do Termo de Aditamento 003 ao Contrato Nº 002/Cgbs/Smg/2006 (2005-0.316.832-3), pela Secretaria Executiva de Comunicação, incluindo a conexão com os sistemas aplicativos hospedados na PRODAM para consulta ás (sic) informações e registros das solicitações recebidas. Validade: 3 meses, a partir de 30/março/2009. Valor do aditamento: R$ 4.655.518,98. Finalmente, em 30 de junho passado, a SECOM autoriza outros noventa dias de serviço, a contar a partir daquela data. Assim sendo, a Call Tecnologia e Serviços continua atendendo muito bem, obrigado, a cidade de São Paulo - como queríamos demonstrar.

Não pense, todavia, que a extraordinária Call se restringe à Prefeitura de SP. Outros contratos concomitantes existem (citando apenas 2008-2009):
  • Contrato CS/CTI PR 108/08 – com IPT, validade: 12 meses, valor: R$ 306.000,00 – assinado em 26/junho/2008;
  • Vence a concorrência Nº CSPE/033/01/2007, Processo CSPE/0160/2007, e entra na Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo – ARSESP, para prestação de serviços de teleatendimento receptivo e ativo, com atendimento eletrônico e humano, no valor total de R$ 2.884.311,59, em 5 de agosto de 2008;
  • A partir de 20/outubro/2008 tem prorrogado por um ano seu contrato SF Nº 026/2006 com a Secretaria Municipal de Finanças (Secretário Walter Aluísio Morais Rodrigues), para a prestação de serviços de acompanhamento da regularidade tributária dos contribuintes devedores de tributos não inscritos na dívida ativa, bem como os inscritos no Programa de Parcelamento Incentivado. Valor: R$ 1.934.400,00;
  • Contrato PRO.000.5614 (processo: 85629), dispensa de licitação (nº.010/2009), com a PRODAM para o Disque Poupatempo. Valor: R$ 7.144.020,00, por 6 meses, assinado em 16/abril/2009.

A melhor azeitona do empadão


José Serra, nosso amável Governador, está sempre atento às relações entre Estado e povaréu. Serra exige qualidade ímpar no diálogo franco e aberto que sempre teve com... a gente. Ele e sua equipe da SEE, comandada pelo Paulo Renato Costa Souza, têm a solução. Veja que primor de originalidade.

Sai o contrato 52/0020/09/05 (aviso lançado em 13/fevereiro; homologado em 27/março) para prestação de serviços terceirizados de teleatendimento (Central de Atendimento) ativo e receptivo, no formato humano e via correio eletrônico (e-mail). Valor: R$ 3.984.000,00. Assinatura em 3/abril/2009, válida por 720 dias, prorrogáveis. Quem assina em nome de tão prestimoso setor? A nossa conhecida e estimada FDE, através de seu Presidente Fábio Bonini Simões de Lima e de sua Supervisora de Comunicação e Assuntos Institucionais, a Sra. Márcia Rachel Busch. Você pode ir dando uma olhada no Edital da negociação aqui, verdadeira obra-prima à qual recorreremos futuramente.

É absolutamente impressionante como os modelos de negócios municipais (do PSDB e aliados) se repetem no Estado – e vice-versa. Não se sabe onde começa um e termina o outro. As desgraças em forma de brilhantes soluções migram de um ponto a outro com a tranqüilidade de um ermitão pelado em sua caverna. Percebe-se que há imensa responsabilidade nas "escolhas" dos prestadores de serviços por parte dos governantes, já que uma empresa tão multada quanto a Call Tecnologia e Serviços LTDA supera em muito qualquer outra, sendo agora também a responsável pelos telefonemas que entram na SEE-SP. Definitivamente os iguais se atraem.

Mas o imbróglio não termina aí, afortunados leitores. Ao contrário, ele se expande, piora.
Veremos no próximo capítulo com quantos e quais softwares se faz a canoa desse call center educacional. Saberemos quantas e quais empresas são necessárias para se atingir o Nirvana comunicativo. Ouviremos as escolas, testaremos os serviços oferecidos. E, obviamente, faremos as contas das ações do nosso grande pai da comunicação, o Sr. José Serra.
Desse jeito ele ganha outro prêmio, ô se ganha...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sindicância Serra-SEE sai no Diário Oficial de SP



Ao badalar dos 51 dias e quase 12 horas da prometida sindicância de José Serra e Paulo Renato Souza sobre os belos livros pornodidáticos que eles distribuíram aos alunos da rede pública de ensino, ela finalmente saiu HOJE no verdadeiro Diário Oficial de São Paulo, o ESTADÃO.

Está lá para quem quiser ver na página A16: Sindicância culpa editora e consultora por livro 'impróprio' - investigação poupa secretaria; obra com palavrões seria destinada a alunos da 3a série de SP.

A matéria (se é que se pode chamar aquele lixo encomendado de matéria) sem autoria, é obra prima de non-sense; conteúdo zero, não responde pergunta alguma, não indica nome da consultora que será multada, não fala qual o valor da multa e nem como será feita a coisa - se em algum Gabinete fino da SEE ou pelas vias legais -, mente dizendo que procurou a FDE e não encontrou ninguém em casa para comentar o resultado da sindicância. Talvez porque em vez de procurar o departamento de imprensa da FDE ou SEE eles, do Diário Oficial do Estadão, costumam procurar diretamente Serra ou Paulo Renato, daí não encontraram ninguém mesmo. Sabe como é, véspera de feriado, viagens pelo mundo, palestras de importâncias substanciais, prêmios internacionais prestigiosíssimos, campanhas políticas...

Ou seja: o assessor de imprensa dessas gentes, pago em ouro, deve estar exultante de felicidade porque pensa que engana o mundo todo ao mesmo tempo e sempre, ao espalhar pérolas como estas, tão verdadeiras quanto a existência de unicórnios alados. Depois ainda reclamam por não ser mais necessário diploma de jornalista. Portanto o contador temporal ali ao lado esquerdo continuará na ativa, já que nada vezes nada foi esclarecido. E se eu fosse da Editora Via Lettera e/ou autor do livro maldito processaria a SEE imediatamente.

O bagulho da imprensa oficial do Estadão também está on- line.
Mas como você não é uma besta nascida ontem, caso queira saber quem de fato são os irresponsáveis por toda esta bandalheira que assola a educação Paulista, leia pacientemente este texto aqui e este outro. Há seculos a verdade já foi esclarecida, oh dupla dinâmica, Serra e Paulo Renato. O Diário Oficial do Estadão poderia apurar a partir daí, não?

Em tempo: agradeço esta resposta (também na primeira página do Estadão em 9/julho/09) da FDE/SEE, através de sua nobre assessoria de imprensa, a este blog e ao do CloacaNews, assim como as várias visitas diárias da PRODESP às nossas casas virtuais. Vocês são sempre bem-vindos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Apenas um comentário

Abro um parêntese nesta casa de pesquisas para responder ao post do colega de desventuras, Sr. Cloaca News: Blogs são maniqueístas - diz jornal Valor Econômico, citando o Cloaca News. Como se sabe estamos há certo tempo unidos virtualmente para pesquisar temas em comum. Pois hoje ele nos traz a matéria do Valor em que é citado: Militantes partidários trocam as ruas pelos computadores, e que pode ser lida na íntegra naquela casa, com o bônus de ele haver incluído a "entrevista" a qual foi submetido por e-mail pelo autor da matéria. Minha resposta começou lá na área de comentários, mas migrou para cá porque minha prolixidade beira a verborragia. Perdão, Cloaca, não se pode ser perfeito em tudo, como você - mas sigo tentando.

A coisa é a seguinte.
Tirante o fato da maioria das perguntas serem do tipo Bombril, que serve para qualquer entrevistado, incluindo aí o protervo Coturno citado na roda, o show de bola foi do entrevistado. Ainda bem; não me desiludi mais uma vez. E será que preciso dizer, Cloaca, que apreciei a resposta à pergunta cujo número leva nome de música de um dos melhores e mais difíceis álbuns dos Beatles? Sem contar que trata-se de grande personagem de película? Não preciso.

Eu creio, outrossim, que somos muitos. O problema é que certas vaidades falam muito alto e isto nos torna afastados, solitários e, quando muito, ecos. Falta a estes "novos militantes", nós, um senso de coletividade que vá além da repercussão e mais ainda do, há tempos, superado senso de "web-comunidade". Falta-nos perguntas consistentes para que possamos unir-nos em respostas coesas; falta-nos compartilhamento de pesquisas porque passamos a tratar os melhores blogs como tratamos a imprensa tradicional: queremos furos, queremos o novo, queremos já, todos os dias. Entretanto, esquecemos que sem horas e horas de pesquisa não há chance. Mas quem, entre tantas tarefas diárias de sobrevivência, pode se dedicar a isto e ainda não levar nenhum tostão em troca? Quem pode pesquisar sem uma equipe nos bastidores que retire os ossos para deixar a carne limpa e mais macia antes de entregá-la? Conheço poucos. Sem contar que não há como uma única pessoa se interessar por todos os temas, ir o mais fundo possível neles e ainda manter a qualidade - e a responsabilidade - nas alturas. Há que dividir a labuta.

Talvez esteja aí o grande mérito desses web-militantes espalhados, mas aí justamente sua fraqueza. Esquecemos, na grande maioria, que é o passado que desvenda o futuro, que esclarece o presente. Opiniões e temas conscientes e comprovados como os tratados nas boas casas do ramo não podem ser nem de longe comparados ao Orkut, o imenso playcenter da web, onde tudo vale e quase nada se garimpa - sobretudo por ser fechado a quem não for "sócio", outro vício das antigas comunidades on-line que perduram nas cabeças mais duras, em nome da ordem e dos bons costumes, coisa que, aliás, não abunda naquelas plagas. Portanto somos muitos, mas espalhados. E se quiser manter a linha da matéria, somos núcleos, mas ainda sem comunicação e com estranha hierarquia. Há que se unir, não apenas ecoar. O que ainda não se sabe é como, daí as antigas formas se repetirem.

Não concordo com o termo blog anônimo. Recentemente esta foi uma discussão no Luis Nassif: A lei Azeredo e os blogs apócrifos, 24/junho/2009. Cloaca e NaMaria não são blogs apócrifos. Creio que também não sejamos anônimos; nossos blogs são nossos nomes, nossas marcas. Não fazemos apologias ao crime, não somos spammers, não desvirtuamos a honra de ninguém que propriamente já não o tenha feito. Até onde sei, pesquisamos onde já se esqueceram de pesquisar por ser terreno árido e frio. Ou simplesmente não sabem onde. Mas a bandalheira está toda lá, escrita e repetida há tempos. Somos memória revivida, somos dados históricos reunidos sob outros pontos de vista, somos novos links para o passado porque neles o presente fica (um pouco) mais claro. Nós somos a pergunta. Garantidamente aqui nunca escrevi nada que não pudesse ser comprovado e jamais escreverei, que fique claro. Daí o tamanho descomunal dos textos, coisa que requer longo tempo de leitura e reflexão igualmente longa.

Também não estou preocupada com a quantidade de visitantes, mas sim com a qualidade deles. Fico feliz em saber que os contadores desta casa acusam 47% de visitas que permaneceram a média de uma hora e quarenta minutos. Pessoas estão realmente lendo e seguindo os elos propostos pelos links. Assim, eu fico ainda mais feliz porque posso ver que foram aos links e voltaram para continuar lendo. Enviaram por e-mail. Fico maravilhada por saber que alguém do Ministério Público Federal - Procuradoria Geral da República -, da PRODAM, PRODESP, SEE-SP etc., estiveram aqui e se sujeitaram aos percursos propostos em meus textos. Da mesma maneira que me orgulho das centenas de pessoas comuns, daqui e de fora, que fizeram o mesmo. Agradeço infinitamente aos que recomendam o blog, e olha que são gentes de primeira linha, muito mais do que eu poderia sonhar atingir. Meu maior alento é saber que cada palavra aqui escrita fará parte da maior biblioteca jamais vista e que poderá, não importa quando, servir como informação para se fazer o bem a mais pessoas, não aos amigos do alheio, como é a prática em nossa depauperada, porém riquíssima, educação paulista. Era para sermos os melhores do mundo, de tanto dinheiro disponível. Mas dinheiro sozinho não serve de nada, se a vontade de usá-lo for diversa à que ele se destina.

Não tenho a ilusão de que vivemos em uma democracia plena. Pode ser que muitos possam expressar suas opiniões abertamente, dizer o que sabem sobre pessoas, fatos, instituições. Outros não. Correm risco de perseguição. Podem ser demitidos, ter suas vidas destruídas por se indignarem com falcatruas. O terreno de que trato, por exemplo, é uma usina de mordaças. Falar do cerne da Educação é mais do que proibido, pois que é podre. Como essas árvores lindíssimas por fora, mas que na ventania caem porque dentro está tudo sendo carcomido há anos e anos sem que o admirador da árvore tenha percebido, já que as folhas e as flores estavam lá. O coitado não percebeu os sinais, não soube ou não pôde ler que a desgraça estava se anunciando há tempos. Não sou anônima, quero ser a ventania no meio de vendavais.

É fácil defender em abstrato que não se deve ser anônimo, em especial para aqueles que apenas palpitam. Outra história é quando temos o que contar, temos provas - e colocamo-nas à luz do dia - do que estamos denunciando. Sabemos que sempre poderemos ser cassados, como aconteceu com o caso comentado no Nassif - o blogueiro que foi desmascarado por ele - pois na Internet todos deixamos pistas e elas podem ser seguidas, em especial pelos donos das conexões, dos servidores. Foi correta a atitude do Nassif, já que daquele poço só se retirava lixo. E será interessante ver como se limpará a web de coisas tais, sem noção, sem respeito, cheia de mentiras. Sabemos desses riscos e estamos dispostos a enfrentá-los. É melhor do que calar-se completamente e deixar a árvore cair em nosso telhado, só porque parecia bela, mas de fato não era. O que procuramos é mostrar com provas, em geral links de fontes fidedignas, o que afirmamos. Assim como damos o direito ao jornalista de não declarar suas fontes, precisamos dar o direito da fonte manter-se preservada. Quando usamos aqui o anonimato, vejam-nos como a fonte de um jornalista, só que agora não precisamos recorrer a um jornalista para denunciar as misérias que vemos e vivemos.

Interessante é que também venho sendo "entrevistada" por e-mail há alguns dias. A pessoa quer saber quem somos, nossos nomes, de onde somos... Tudo no plural, do mesmo jeito que o repórter fez ao Cloaca ao perguntar sobre a sua "equipe". Baita felicidade a minha. Mas não tenho a boa verve do Cloaca, já disse. Então respondo assim mesmo:
Sou a NaMaria, sou Internet, sou uma só; mas meu nome é Legião.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Livros pornodidáticos de José Serra e grupo



Originalmente publicado por NaMaria, em Luis Nassif - 29/maio/2009.
Postado e AMPLIADO aqui para relembrar/comemorar os dias em que esperamos a saudável e suspensa sindicância prometida pelo Governador Serra e seu Secretário de Educação Paulo Renato sobre os responsáveis da escolha dos livros inadequados aos alunos das escolas públicas de SP - vide o contador de dias neste blog. Repare bem nos nomes dos personagens e suas relações no texto abaixo. Também seria interessante ver o que diz o vice-líder do Governo, Sr. Milton Flávio sobre o tema, em texto neste blog. Para mais informações sobre a suspensão da tal apuração governamental, dirija-se ao CloacaNews.
Sobre outros dados dos nomes citados pelo CloacaNews, vide final deste texto.


Quando Serra e os seus afirmam não saber quem são os responsáveis pelo descaso nas escolhas dos livros do projeto Ler e Escrever, estão mentindo e omitindo informações. Do mesmo modo, quando falam sobre as "sindicâncias" para esclarecer os episódios. Há relações pessoais bastante complexas para que as apurações sejam de fato executadas e, como dizem, "os culpados sejam penalizados". Certamente cabeças rolarão, porque a mídia e a sociedade estão alvoroçadas, mas é preciso saber se serão as cabeças dos reis ou dos peões. Vejamos por partes. Trata-se de temas esclarecedores.

Apesar do site do tal projeto Ler e Escrever ser horrendo e sem qualidades apropriadas para algo desse porte - e funcionar com Explorer, apesar de não ter um "fale conosco" decente etc. e tal, se houver paciência de Jó pode-se ver o time dos responsáveis pela coisa no setor "Vídeos": Ler e Escrever; Iara Prado. Está lá a professora Iara Glória Areias Prado e sua equipe. Eis, portanto, os responsáveis, pra começar.

Agora, por favor, pergunte ao Serra quem é Iara Areias Prado, além de ela ser esposa do conhecidíssimo Antônio de Pádua Prado Júnior, o Paeco, cuja empresa APPM tem significativos clientes.

E aproveite para perguntar a ele, Serra, quem seria Ieda Maria Bottura Areias e onde ela trabalha, qual seu histórico na área, além de ser irmã de Iara Prado. Caso esteja muito curioso, o Diário Oficial de SP dá uma resposta simples, com foto atual: "Ieda Areias, secretária particular de José Serra".

No mesmo DO, vê-se que Ieda Areias está na Casa Civil desde 2 de janeiro de 2007, mas Serra e Ieda se conhecem de longa data e muitos negócios governamentais.

Entretanto, dirá o pesquisador mais aficionado ao voltar ao tema dos livros picantes, se a professora Iara Prado foi exonerada do cargo de Secretária Adjunta da Educação em 10/abril/2009, juntamente com a antiga Secretária da Educação Maria Helena Guimarães Castro, então como ela poderia ser a responsável pela irresponsabilidade dos livros impróprios para alunos das escolas públicas de SP? Bem, ela continua firme e forte na Secretaria da Educação, bem como no Ler e Escrever - projeto que distribui tais livros para as escolas, sem revisão. Seria bom perguntar diretamente ao secretário Paulo Renato e ao Serra o que a professora Iara faz, exatamente, na Secretaria de Educação; sem dúvida eles sabem a resposta.

Daí, alguém pode perguntar: Mas Iara Prado está sozinha no projeto Ler e Escrever? Ela não está só; além dela, estas pessoas fazem parte da equipe, entre outras:
- Coordenadora de Estudos e Normas Pedagógicas - Valéria de Souza
- Coordenador de Ensino da Região Metropolitana da Grande São Paulo - José Benedito de Oliveira
- Coordenadora de Ensino do Interior - Aparecida Edna de Matos
- Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação - Fábio Bonini Simões de Lima
- Diretora de Projetos Especiais da FDE - Cláudia Rosenberg Aratangy
- FONTE: último slide da apresentação, e vídeos citados acima.

Estas não foram REALMENTE as primeiras reclamações quanto a materiais impróprios para alunos. E não estou falando do caso dos mapas… Ontem, 28 de maio de 2009, por acaso, saiu no Diário do Grande ABC, e em todo canto da WEB, mas a história é antiga nos interiores da Educação, já que o livro foi distribuído em final de 2008, conforme notícia no DO. A manchete do Diário do Grande ABC, por exemplo: "Outro livro polêmico constrange alunos da rede estadual". Trata-se de "Memórias Inventadas - Infância", de Manoel de Barros, entregue para a 6a série, alunos com 11-12 anos.

Mais uma vez o DO, de 23 de agosto de 2008, nos esclarece: "Declarando inexigível (…) Ato Ratificado pelo Presidente da FDE nos termos do Art. nº 26 da referida Lei; a licitação de acordo com o Art. 25 inciso I, da Lei nº 8666/93, e suas atualizações, o processo 15/1092/08/04 por ser inviável, eis que trata-se de aquisição de Obra Literária, sendo 463.088 exemplares do Livro - Título "MEMÓRIAS INVENTADAS - a Infância de Manoel de Barros", destinados aos alunos da 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental II, conforme solicitação da CENP – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – "Projeto Básico Apoio ao Saber" a ser fornecido pela "EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA" fornecedora exclusiva, conforme declaração da CBL – Câmara Brasileira do Livro. Ato Ratificado pelo Presidente da FDE nos termos do Art."

A compra foi efetuada por R$ 2.315.440,00, conforme o DO de 5 de setembro de 2008: "Contrato: 15/1092/08/04 - Empresa: Editora Planeta do Brasil Ltda. - Objeto: Aquisição de obra literária, 463.088 [exemplares de] "Memórias Inventadas", destinados aos alunos da 5ª a 8ª séries do Ens.Fund.II - "Projeto Apoio ao Saber" - Prazo: 60 dias - Valor: R$ 2.315.440,00 - Data de Assinatura: 28/08/2008".

E agora os 463.088 exemplares terão de retornar à FDE? Piada. Eles não estão nas escolas, estes livros foram comprados para serem entregues aos alunos, para eles levarem para suas casas. Não há como recolher isso nunca mais. Exatamente por este motivo a mãe de um aluno o entregou ao SPTV. Caso eles fossem recolhidos, o que seria feito de todos esses livros com logotipo da FDE, do Governo do Estado etc.? E a dinheirama paga por eles, voltaria de alguma maneira? Como? As editoras topariam desfazer o negócio se não foi culpa delas a escolha?

Outras perguntas interessantes:

- Quem vai arcar com as despesas de retorno dos livros à FDE que está sendo feita pelo Correio?

- Quanto vai custar esse retorno? (Aliás, é risível para não dizer trágico, o método que está sendo usado para que as escolas devolvam os livros, pergunte ao Paulo Renato e equipe quantos livros voltaram ao ninho, quantas escolas estão conseguindo realizar a façanha e tire suas conclusões.) Portanto, a declaração à Folha: "De acordo com o tucano, os exemplares foram rapidamente retirados e, por isso, os alunos "praticamente" não tiveram acesso aos livros" é outra mentira. Quem está numa escola sabe o esforço que a Secretaria ta fazendo para realizar essa tarefa e pelo jeito não está conseguindo.

- Quem assina as licitações e as compras "sem licitação" realizadas pela FDE? Ou seja, quem é o responsável pelas compras de livros sem a devida avaliação? Atualmente não seria a Sra. Claudia Aratangy, que também é do Projeto Ler e Escrever? E antes dela não teria sido a Iara Prado?

- Depois de ver o Paulo Renato no SPTV (28/maio/2009), percebe-se que ele deixa a culpa com a antiga Secretária de Educação. Oras, mas a equipe do Ler e Escrever não é a mesma? E não teria sido a mesma Iara Prado a responsável pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), à época do Paulo Renato no MEC (quando ela era a Secretária do Ensino Fundamental), portanto supostamente de total confiança do atual Secretário de Educação?

- Não foi a própria Iara Prado, no MEC, quem disse em 2002: "Hoje o livro didático é reconhecido como mercadoria, com finalidade social, que forma brasileiros e o futuro do País; e que, portanto, precisa ser de excelente qualidade."? "... que o livro didático não é uma mercadoria qualquer que pode ser escolhida pelo próprio consumidor, porque tem um papel formador."? Então há alguma diferença entre o antes e o agora? Ou os livros impróprios não podem ser considerados didáticos, mas apenas de "apoio pedagógico"? O que seriam então livros de apoio pedagógico nesta gestão?

- Não seria a mesma Iara Prado, que aparecia como consultora na empresa de Paulo Renato, a PRS Consultores (antiga "Paulo Renato Souza Consultores"), juntamente com outros membros da SEE-SP: Maria Helena G. Castro, antiga secretária da educação e Maria Inês Fini, contratada pela Fundação Vanzolini (aliás, esta Fundação não é da Poli? E o que tem ela para ser contratada para agir na área pedagógica da Educação?) para trabalhar como coordenadora de projetos da SEE-SP? No site atual da PRS esses nomes não constam mais, mas ao entrar no E-Educador, pode-se vê-los abaixo da notícia copiada da Isto É, de 05.04.2009, "SP: Conflito na Educação" (a notícia original na Isto É; ver esta interessante página também, cujo título é apropriado: "É correto?"

Em tempo 1: Serra "determinou mapeamento de nepotismo em SP". O decreto em si: Decreto Nº 54.376, de 26 de Maio de 2009. Será o decreto, então, também válido para o marido de sua Secretária de Gabinete, Ieda Areias, o Sr. Antonio de Pádua Perosa - atual subprefeito da Vila Maria/Vila Guilherme? Não é válido; certas "partes" do Decreto assim o permitem, além de uma estar no Governo e outro na Prefeitura. Mas sempre nos resta a ética, pois sim? Não.

Em tempo 2: Não se trata de hipocrisia ou de saber que a novela das 8 tem mais temas afins do que nos livros e é vista pela criançada sem problemas ou censura familiar, nem de não saber como e sobre o que os jovens das escolas públicas falam nem, como já foi dito, serem alguns dos textos "irônicos". O ato de ensinar a fina arte da ironia para pessoas tão jovens, através desse tipo de material, é errado. Se pessoas esclarecidas, que acompanham a Internet diariamente, que lêem bons materiais, têm certo pensamento crítico etc., ainda são incapazes de compreender um blog como o do Professor Hariovaldo Prado, imagine o que é uma criança de 9 anos entender as sutilezas irônicas do "Manual de Auto-Ajuda para Supervilões"…

Resumindo: alguém acha que a Secretaria da Educação precisa fazer uma sindicância – ela mesma investigar-se a si própria – para descobrir quem é o culpado pelas escolhas erradas e, talvez o pior, pelo desperdício de dinheiro nesse compra, recolhe e faz-se lá o que ninguém sabe com os livros devolvidos? O Governador não precisa ficar esperando que o Secretário descubra os culpados, eles estão muito próximos deles todos, são do conhecimento tanto de um como de outro. Se querem enrolar alguém podem esquecer, aqueles que sabem usar bem o mundo digital não precisam de muito tempo para mapear os rastros dessa gente. Porque aqui na WEB quase nada se apaga e tudo se propaga.

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Outras informações pertinentes:

- Telefone de Iara Prado na Secretaria de Educação/FDE, caso alguém queira esclarecimentos úteis, sem intermediários: (011) 3158.4500, incluindo Eliane Mingues como tema.

- Nomes das responsáveis pela escolha dos livros, consultora dos títulos da Secretaria de Educação e palestrante nas escolas da rede pública, para os professores, sobre este e outros temas: Zuleika de Felice Murrie e Eliane Mingues. Vide a professora Zuleika no sites: 1 ; 2 (doc Word) ou 3 (versão do mesmo Doc em HTML). Vê-se que o nome da professora Zuleika está errado nos sites citados. O correto é o que está logo acima. Justamente com ele pode-se recorrer ao Google para maiores informações curriculares e relacionais da mesma. Se usar na busca esta forma: “Zuleika de Felice Murrie”FDE os resultados são lindos e elucidativos - e há vídeos. Outras variantes são bem-vindas, igualmente.

- Sobre Eliane Mingues, pedagoga formada pela USP, e seu trabalho na feitura da lista de livros para compras sem necessidade de licitação assinadas por Cláudia Rosenberg Aratangy: não há registros de seu contrato com a FDE em DO, mas certamente os há internamente na SEE-SP; em algum lugar isto deve estar. Por outro lado, encontra-se em DO da Cidade de São Paulo, de 25 de janeiro de 2005, sua contratação pela Prefeitura de SP, juntamente com o contrato de Cláudia Aratangy, pela SME. Vê-se que o nome está grafado com A, mas também consta no mesmo DO a correção, com E.
Cláudia, Iara e Eliane se conhecem desde pelo menos o ano 1998, do MEC aos cuidados de Paulo Renato como Ministro e Iara Glórias Areia Prado como Secretária do Ensino Fundamental, quando fizeram juntas, por exemplo, os Cadernos da TVEscola - PCN na Escola: Diários, Projetos de Trabalho. Depois, em 2000, o Alfabetização - Livro do Professor e o Alfabetização: Livro do Aluno Vol III, obras dos Programas Projeto de Educação Básica para o Nordeste e FUNDESCOLA (verbas do Banco Mundial e PNUD). Em 2002, Vendo e aprendendo: como usar os vídeos da TVEscola. Assim foi até que trabalharam as três, no município, exatamente no LER E ESCREVER! Desculpe a exclamação, mas não deu para segurar. Por gentileza, recorra a esta busca no Google e entre nas versões apresentadas; depois abra os arquivos e encontrará os nomes citados nos créditos do programa - aqueles que não funcionarem em PDF abrem em HTML.
Atualmente Eliane Mingues trabalha como consultora de conteúdo do Almanaque Educação, uma brilhante parceria entre a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e a Secretaria da Educação do Estado, conforme DO de 12 de maio de 2009:

Contrato: 15/0219/09/04

- Empresa: Fund. Padre Anchieta - Centro Paulista de Rádio Tv Educativas
- Objeto: Serviços de produção e exibição de 26 programas da série “Almanaque Educação”,
incluindo publicação do conteúdo por intermédio do site do programa e elaboração de oficina de vídeo de serviços de produção audiovisual para o projeto “Formação e Informação”-
- Prazo: 243 dias
- Valor: R$ 4.718.714,29
- Data de Assinatura: 30/04/2009.

OBSERVAÇÃO - O link que aparece ao final das páginas sobre Zuleika, acima, é de projeto criado, elaborado e mantido a preço de diamantes descomunais pela Fundação Vanzolini, para a FDE/SEE-SP: São Paulo Faz Escola. E, sem dúvida, tal projeto também merece maior interesse do público.