quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os contratos da Fence com o Governo de SP

Em texto anterior mostramos uma feliz coincidência: a mesma Fence Consultoria Empresarial, do coronel e ex-SNI Enio Gomes Fontenelle, que atuou no Ministério da Saúde, nos grampos do TSE, entre outros recantos paradisíacos do poder, está trabalhando em SP, precisamente contratada pela PRODESP. Como está lá, há dois contratos assinados em poucos dias, com início em 2008.

Ao contrário do que a Educação faz, a Secretaria de Gestão Pública mostra os documentos de contratos por inexigibilidade de licitação. É justamente sobre eles que vamos falar agora. Difícil de entender alguns pontos, daí ajuda seria bem-vinda.

O primeiro contrato, 005/2008, no valor de R$69.120,00, publicado em DO 26/abril, rezava o seguinte (imagens retiradas do documento de 14 páginas):

1- O valor e reajustes - pág. 5. Para executar os serviços, o pagamento mensal será da seguinte forma: R$384,00 para cada um dos 180 itens elencados:



Mas, se houver pedidos extras, emergenciais, a coisa fica assim: paga-se R$2.000,00 por visita, não inclusos no valor total do contrato (pág.7):



2- Os ambientes de inspeção contra intrusões eletrônicas - págs. 12 e 13.



e



3- O objeto - pág. 1. O mais interessante desse contrato, além do valor, é notar muito bem o objetivo da Fence Consultoria Empresarial no troço:
(...) Prestação de serviços Técnicos Especializados em Segurança de Comunicações (...) visando a detecção de intrusões eletrônicas nas instalações da PRODESP ou em outras localizações de seu interesse.


Quer dizer, se não fomos induzidos a entender tudo errado, já que somos absolutamente leigos, a verificação deve ser inicialmente no prédio da PRODESP, mas se algum espírito obsessor arretado e paranoico decidir que o mercadinho da esquina, a casa do cachorro, o teu quarto, o gabinete do Sr. Paulo Renato Costa Souza, uma escola ou o diabo do local que passar na veneta do cidadão investigador de intrusões eletrônicas são dignos de uma vassourada eletrônica básica, então tá tudo bem? É isso? Não é provável, mas nas Notas 1 e 2 da página 2, em execução dos serviços e prazos reiteram a sentença:



Daí que a PRODESP pode mandar varrer o universo inteirinho, até fora de sua Sede, em caráter emergencial ou não, em até 48 horas - embora esteja faltando a palavra no contrato. Continuamos a compreender tudo errado?

Ou melhor, o que quiseram dizer, agora pensando como profissional contratante, foi que a PRODESP pode mandar vasculhar qualquer outro ponto onde atue, entre a sua clientela governamental? Dá uma olhada onde poderia ser o pequeno universo, sem esquecer que a internet estadual está no meio:


Ver também aqui e aqui.

4- A vigência - pág 8. Embora esteja escrito que o contrato teria validade de 12 meses, contados a partir da data de sua assinatura, podendo ser prorrogado por iguais e sucessivos períodos, mediante comum acordo, por escrito, entre as partes, limitado a sessenta meses (Lei 8.666/93 art. 57), em 18/setembro/2008 o DO publica seu encerramento assinado em 11/agosto:
Contr.:PRO.001.5388. Proc.: 84638. Forn.: Fence Consultoria Empresarial Ltda..
Ass.: 11/08/2008. Encerramento - Obj.: Serviços Técnicos Especializados em
Segurança da Comunicação. Mod.: Inexigibilidade nº 005/2008
O segundo contrato com a Fence Consultoria Empresarial, 014/2008, saiu publicado em DO em 5/julho/2008, mas foi assinado em 27/maio (conforme DO), portanto antes do encerramento do primeiro. Há pouquíssimas modificações na redação do documento, este com 15 páginas.

As diferenças entre os dois são pequenas. A começar pelos Serviços Emergenciais. Nas imagens abaixo os dois contratos juntos (014/2008 seguido de 005/2008).



Na sequência, aparecem duas vezes o item 3.1.5, em Obrigações da Contratada (pág. 3 em ambos). Isso destrambelhou um pouco a numeração, mas os conteúdos são os mesmos; volta à normalidade no item 3.2 da pág. 4.

E aí vem a grande diferença, o valor passou para R$858.640,08, sendo R$69.120,00 mensais (fora os extras em custos operacionais por serviço). Em V. Preços e Reajustes, e Serviços Emergenciais, págs. 5 a 7 (em decorrência, o item VI. Pagamento, foi bastante modificado)::




A validade do contrato é a mesma (pág.8):


No restante, poucos detalhes se modificaram, mas os ambientes a serem rastreados contra as intrusões eletrônicas iniciais são mantidos (Anexos 1 e 2, págs. 13 e 14) .

Momento questionário

Caso você não tenha morrido de tédio até o momento deve estar se perguntando:
- Por que contrataram a Fence sem licitação? Não existiriam outras empresas semelhantes no mercado? Ou foi por "notório saber"?
- Como se faz tal rastreamento de intrusões eletrônicas? E como se faz o mesmo serviço fora da PRODESP?
- O que acontece caso sejam encontrados os tais intrusos eletrônicos? O que se faz com a "informação"?
- Como conseguiram colocar os intrusos eletrônicos dentro da fortaleza que é a PRODESP (ou outros órgãos estaduais)?
- Por que os contratos com a Fence foram assinados somente a partir de abril de 2008, antes não havia o mesmo risco?
- Por que são dois contratos? Um deles encerrado depois de outro começado? Então o valor suposto no texto anterior é ainda mais alto?
- Seria possível também rastrear tudo que fazem pela WEB e computadores (nesses órgãos ligados à PRODESP)?

Sei.

Eis os mistérios. Nada é dito nos tais contratos. Rezam que a contratante deve fornecer escadas que alcancem os tetos e chaves para tudo que é sala, o resto é incógnita.

Quem souber e puder, por gentileza esclareça para que o mundo seja um lugar melhor de se viver.

Para ler as minutas dos contratos na íntegra, comparar tudo e ver outras diferenças recorra ao Diário Oficial, E-Negócios Públicos, nos seguintes links onde aparecem, ao que tudo indica, os arquivos originais: Contrato 005/2008 e Contrato 014/2008.

José Serra no Bom Dia Brasil 22/setembro/2010

Adorável quando manda o pessoal calar o bico e esperar a "conclusão das filosofias".
Atenção professores e educadores públicos em geral: a parte sobre educação também é um primor.





Fonte

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Coincidências do Dossiê 2002 nos Negócios de SP

Longe de nós, mil léguas serra acima, inventar qualquer hipótese absurda além de registrar meras coincidências. Mas o fato é que os negócios e personagens de Brasília sempre caminham ao lado dos de São Paulo - este humílimo blog já mostrou alguns.

Observe, por exemplo, o que saiu no blog do Douglas Yamagata, em 6/setembro passado: Recordações do Dossiê de 2002, também incluído no Conversa Afiada de hoje, cuja fonte foi a Revista Veja - edição 1743 - de 20 de março de 2002.

Vamos falar por imagens retiradas do Yamagata e outras saídas da verdadeira imprensa de oposição oficial, que parece ser mais fácil - os grifos são desta casa.





Pois não é que essa Fence Consultoria Empresarial LTDA, de propriedade do ex-dirigente do SNI, o coronel reformado do Exército Sr. Ênio Gomes Fontenelle, também foi parar em São Paulo, precisamente na Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, mais conhecida como PRODESP, que cuida de todo sistema comunicacional - e internet, claro - da administração pública estadual? Pois foi.

As relações e negócios começaram, aparentemente, em 2008.

A primeira ocorrência em Diário Oficial, de 26/abril/2008, mostra o seguinte contrato sem licitação:



Entretanto, poucos dias depois do anúncio acima, aparece este outro, em 5/julho/2008, com valor corrigido de míseros R$69.120,00 para anabolizados R$858.640,08. Não se sabe o motivo, o DO mais uma vez não aponta, mas mostra:



Em 19/agosto/2008 o DO confirma tudo e solta o extrato do contrato:



Em 18/agosto/2009 a coisa continua firme e forte: ocorre a prorrogação para o mesmo contrato de serviços técnicos especializados em Segurança de Comunicações - seja lá o que isto represente. Valor: R$ 858.640,00. Vide:



Finalmente, em 18/junho/2010, mais uma prorrogação do 014/2008. Tudo sem licitação no PRO.002.5436. Proc.: 84906. O valor continua o mesmo: R$ 858.640,00.


Tudo beleza não só para a sugestiva empresa cujo nome é "cerca" in English, mas também para o Tribunal de Contas de SP, que achou tudo absolutamente normal - conforme pode ser averiguado aqui nas páginas do Legislativo do DO.

Até o momento, a Fence recebeu dos cofres públicos paulistas quantia bem superior àquela de 2002, quando prestou honrosos serviços ao Ministério da Saúde. Agora são R$2.645.040,24.

Mas não há com o que se preocupar, são apenas coincidências.



Outras leituras salutares:
- aqui no Idelber Avelar;
- aqui no Azenha;
- aqui o contrato com o STJ
- e no Google.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Da palavra para a imagem: Links eróticos no Caderno do Aluno da Secretaria de Educação-SP

TIRE AS CRIANÇAS DA SALA

NAMARIA SOMENTE PARA ADULTOS


Este seria um texto de ficção nos moldes do Marco Aurélio Mello? Sei não. Pode-se confirmar, negar é que não se pode.
Entonces
...

* Texto editado e corrigido, às 9:47, porque erramos uma informação sobre um dos links. O restante está correto. Lamento a falha e agradeço ao leitor do Nassif, Ernesto Camelo, que nos alertou a falta de um S no endereço.


Cena 1:
  • Vamos supor que determinados materiais didáticos amplamente entregues nas escolas públicas de São Paulo, pela Secretaria de Educação, estejam novamente com problemas, digamos... pornográficos.
  • Vamos supor que os tais materiais se encontrem nas apostilas intituladas Caderno do Aluno, já elencadas aqui.
  • Vamos supor que façam parte dos milhares de exemplares de Inglês.
  • Vamos supor que uma das atividades propostas seja o aluno entrar em determinado site para analisar e aprender o que é um jornal.
  • Vamos supor que ao entrar, o aluno, na verdade, caia numa tremenda página de cunho erótico, inapropriada, portanto, a uma sala de informática ou seja lá o que for dentro de uma escola.
  • Perceba que num circo uma fumaça sufocante está sendo sentida.

Cena 2:

  • Pano rápido. Vamos imaginar que deva estar ocorrendo um tremendo dum bafafá em um edifício da Avenida São Luiz, no centro de SP, e também na Praça da República, dois dos mais educados locais do Estado.
  • Pense em um circo, com plateia lotada, já tomado por um fogo selvagem.

Cena 3:
  • Qual site erótico é este indicado no Caderno do Aluno?
    O NaMaria News não publica nada de imoral, ilegal ou que engorde, embora na maioria dos textos da casa possa parecer que sim. Então é por sua conta e risco que entrará no recomendado www.newsonline.com e será remetido ao Naked News Anchors, um site onde as notícias são apresentadas por moças absolutamente desnudas feito Eva no Paraíso, antes da Serpente estragar a festa. Não temos nada a ver com isto.
  • Neste instante. Pense na tristeza, no desânimo, no desespero, no ódio do dono do circo.

Cena 4:

Taca fogo e mostra a tocha
  • Só para começar a comprovar que a indicação do jornalístico site erótico partiu mesmo da Secretaria da Educação de SP, a única informação on-line (por enquanto) está disponível em uma página da Diretoria de Ensino da Região de Bragança Paulista, que atende 60 escolas de ensino Fundamental e Médio, distribuídas em doze municípios. Precisamente é documento de sua Oficina Pedagógica. É coisa antiga. Nesta página, a coordenação de Inglês reproduziu uma lista padronizada que muita gente das escolas deve ter recebido e visto, retirada dos próprios materiais governamentais, com as dicas para atividades em todas as séries. A Diretoria de Ensino não inventou nada, não tem culpa. Está nas Sugestões de sites e filmes para o 2º bimestre/09, para a 1º série (antigo 1º colegial), conforme ilustração ao lado (clique para ampliar).

  • Como somos todos descrentes, o NaMaria News foi atrás de mais provas materiais.

    Portanto imagine aí que temos em mãos as tais apostilas de Inglês.
    E estamos apreciando a página 32 do caderno do Aluno Volume 2 para o 1º ano do Ensino Médio.
Nessa página temos o Learn More, onde estão as sugestões. Exatamente como citado no site da Oficina Pedagógica, acima. O último acesso declarado para a edição da apostila foi em 19/novembro/2009.



  • Por obra e graça de um demônio safado, eis que clicamos o play e somos enfiados nisto:




  • Quer dizer, o povo da Secretaria de Educação recomendou um site impróprio pensando que estava tudo em ordem. Não houve revisão posterior.




  • *OBS - No Volume 3 do Caderno do Aluno de Inglês, página 29 vem a sugestão de atividades para uso do site onlinenewspapers.com, este sim remetendo a lugar seguro.



Cena 5:
Quais as saídas possíveis para contornar a situação?
  • A primeira e mais utilizada pela SEE seria a retirada de circulação dessas milhares de apostilas. Mas como seria a logística e quanto custaria, uma vez que tudo isto já está nas mãos dos alunos há tempos?
  • A segunda seria fazer com que a Intragov - sistema de internet usado no Governo do Estado, que controla tudo e todos - criasse um impedimento de acesso, como já o faz com muitos sites? Mas daí o acesso só seria proibido nas tentativas feitas pelos IP's mantidos pela Intragov (escolas, repartições etc.). Nada impede que o aluno, o pai do aluno, você, o delegado de polícia e o diabo com internet em casa acesse a desgraça.
  • A terceira seria negociar com o atual dono do domínio internacional newsonline.com. Mas como seria essa negociação? Quanto custaria aos cofres públicos a remediação? Seria possível, além de viável? Não sejamos ingênuos, o site movimenta uma fortuna, é profissional, antigo (veja imagens abaixo). Quem, em sã consciência, iria passá-lo adiante só para ajudar uns paulistas desesperados com os próprios erros?

  • A quarta seria mandar imprimir tudo de novo, sem a podridão do site indicado desapercebidamente por uma dedicada equipe de profissionais, e entregar às escolas? A conta da reimpressão seria paga por quem?

  • A quinta seria simplesmente arrancar e estraçalhar numa picadeira as páginas malditas e deixar o resto como está, para ver como é que fica?

  • A sexta seria dizer que houve um lapso de digitação e o endereço do site saiu errado? Então qual seria o correto?

  • A sétima seria o Sr. Paulo Renato Costa Souza, da SEE-SP (e FDE), afirmar que abrirá uma sindicância feroz para apurar os culpados? Talvez os resultados saiam mais rápido que aquele mostrado na lateral esquerda deste humílimo blog.


Cena 6:
O circo tá que é só o pó

Mais alguma ideia, gente?
Convenhamos, apreciados leitores: se foi impossível recolher os exemplares daqueles outros "livrinhos pornôs" entregues às crianças (aquele "Banheira..." o outro "Memórias..."), imagine o que é recolher milhares e milhares de apostilas pagas a preço de ouro às gráficas amigas e eternamente vencedoras de licitações. Se deu o maior inferno as apostilas com os mapas errados com dois Paraguais e outros pepinos, imagina o que é fazer a criançada "esquecer" o que viu em sala de aula, a mando da Secretaria de Educação, que não confere endereços de sites antes de mandar publicar os materiais?

Para que tenha uma noção das metamorfoses do indicado News Online, por exemplo, siga este link e tenha toda paciência do universo. Agora, se à época da edição do Caderno do Aluno /Inglês, 2009, o site era realmente de notícias a figura é uma; os alunos podem ter tido bons exemplos. Se, depois, o domínio foi modificado e remeteram o conteúdo para a belezura que vemos hoje, a figura é tenebrosa. Simplesmente porque não houve acompanhamento dos sites sugeridos no material por parte da SEE-SP, FDE e demais envolvidos. Ninguém do site avisou a SEE e FDE que mudariam tudo? Que horror.

Mais uma vez a equipe pedagógica responsável pisou na bola. Esqueceram que a Internet é algo vivo, mutante, e links impressos podem levar a surpresas como essas.

Todo e qualquer remédio escolhido pela SEE-SP a partir de então será aquém de um paliativo. Nem por isso mais barato e, muito menos, eficaz.
O circo foi para o brejo. O palhaço está nu.

O NaMaria News agradece imensamente
uma fabulosa rede de mestres aracnídeos que
contribuiu para a existência desta denúncia.
No próximo capítulo uma pequena ciranda sobre os "responsáveis".

**NM às 21:08 - Mais uns links interessantes:
tudo o que levantamos aqui foi publicado no UOL Educação, às 18:35;
no Estadão Educação, às 20:14,
e
na Folha.Com Saber, às 20:21 .
Saiu também no R7, em 15/09, às 08:13;
está no Abril.Com, às 08:49.
Portanto a história toda procede.
Só não entendemos a parte do Ministério Público Federal ser envolvido no caso.
Falta só publicar na Veja - e sair no Jornal Nacional.

sábado, 11 de setembro de 2010

Veja como isso é possível

Eles podem tudo e mais um pouco.
Em razão de algumas mensagens que recebemos é conveniente (re)esclarecer resumidamente.









DO - 20/maio/2009
  • 15/0355/09/04 - Editora Abril S/A - Aquisição de 5.449 assinaturas da Revista Veja, 51 Edições, destinados às escolas da Rede Estadual de Ensino - Prazo: 364 dias - Data de Assinatura: 18/05/2009
    - Valor: R$ 1.167.175,80
DO - 29/maio/2010
  • 15/00547/10/04 - Editora Abril S/A - Aquisição de 5.200 assinaturas da Revista Veja destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São de Paulo - CEI e COGSP - Projeto Sala de Leitura - Prazo: 365 dias - Data de Assinatura: 20/05/2010
    - Valor: R$ 1.202.968,00
TOTAL (parcial) = R$ 2.370.143,80

Estas são só duas compras da Veja e apenas da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, através da Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE - em ato ratificado pelo seu Presidente, Sr. Bonini.

Outras compras à Editora Abril e congêneres, eternamente sem licitação, porque não há revistas similares no mercado (como a Carta Capital, por exemplo), então não é necessário licitar, podem ser admiradas aqui e aqui.

Não esqueça que a Prefeitura de SP e outras também são assíduas compradoras dos mesmos materiais, há séculos. Vide, por exemplo, o caso de Santana do Parnaíba. O município recentemente comprou parcos R$ 23.855,00, não se sabe em quantas assinaturas e nem para quem. Mas sabe-se que foi sem licitação, nos mesmos moldes e SP.

Note bem que a capa da Veja com o sorridente Sr. Serra é de 14 de abril de 2010. E a segunda compra da Veja foi assinada pela FDE em 20 de maio do mesmo ano.
Tudo puríssima coincidência.

sábado, 4 de setembro de 2010

O toma-lá-dá-cá da Educação de SP, a imprensa e as eleições 2010



No dia 16 de julho de 2010, o Secretário de Educação de São Paulo, Sr. Paulo Renato Costa Souza, mandou a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) assinar o seguinte negócio (publicado em 21/julho no DO):

Contrato: 15/00062/10/04
- Empresa: Empresa de Publicidade Rio Preto Ltda.
- Objeto: Aquisição pela FDE de 200 assinaturas anuais do Jornal "Diário da Região" destinados às escolas da Rede de Ensino da Região de São José do Rio Preto, do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 65.160,00
No mesmo jornal Diário da Região, em 25 de agosto passado, aparece a matéria Aloysio e o desafio de se tornar conhecido, cuja imagem grandiosa - pedindo votos ao seu genuíno latifundiário filho da terra - pode ser vista abaixo:



Para ler tudo na íntegra e conhecer melhor o candidato ao Senado Aloysio Nunes Ferreira Filho (como pede José Serra), recorra à página 6A (e/ou a estes links também caso queira confirmar a façanha). Por outro lado, lamentamos não saber informar se tal "santinho" do candidato está nos conformes da legalidade eleitoral.

Para o bom entendedor, uma assinatura basta

Há que ser justo neste vale de lágrimas. Há que se publicar as outras compras de mesma natureza feitas até o momento, pelo Secretário Paulo Renato de Souza, que servirão como incremento pedagógico nas escolas paulistas. Todas sem necessidade de licitação, é óbvio. Sempre visando facilitar a sua vida, ao final a soma dos valores parciais das aventuras. Vamos lá.
  • 22/junho/2010
    Contrato: 15/00060/10/04
    - Empresa: VS Publicidade Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 196 (cento e noventa e seis) Assinaturas do Jornal "Diário da Região" de Osasco, destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Osasco do Estado de São Paulo.
    -Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 49.000,00
    -Data de Assinatura: 01-06-2010

    Contrato: 15/00068/10/04
    - Empresa: Empresa Jornalística Tribuna Araraquara Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 50 (cinquenta) Assinaturas do Jornal "Tribuna Impressa" de Araraquara, destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Araraquara do Estado de São Paulo.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 16.140,00
    - Data de Assinatura: 10-06-2010.

    Contrato: 15/00071/10/04
    - Empresa: Fundação Ubaldino do Amaral
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 176 (cento e setenta e seis) Assinaturas do Jornal "Cruzeiro do Sul" de Sorocaba, destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Sorocaba do Estado de São Paulo.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 50.160,00
    - Data de Assinatura: 11-06-2010

    Contrato: 15/00067/10/04
    - Empresa: a Tribuna de Santos Jornal e Editora Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 142 (cento e quarenta e duas) Assinaturas do Jornal "A Tribuna" de Santos, destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Santos do Estado de São Paulo. - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 51.120,00
    - Data de Assinatura: 18-06-2010.

    Contrato: 15/00069/10/04
    - Empresa: Lauda Editora Consultorias e Comunicações Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 139 (cento e trinta e nove) Assinaturas do Jornal "Jornal de Jundiaí Regional", destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Jundiaí do Estado de São Paulo.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 45.314,00
    -Data de Assinatura: 18-06-2010.

    Contrato: 15/00120/10/04
    - Empresa: Jornal da Cidade de Bauru Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 156 (cento e cinquenta e seis) Assinaturas do Jornal "Jornal da Cidade" de Baurú, destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de Baurú do Estado de São Paulo.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 46.761,00
    -Data de Assinatura: 18-06-2010.
  • 25/junho/2010
    Contrato: 15/00070/10/04
    - Empresa: Editora Folha da Região de Araçatuba Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE, de 113 (cento e treze) assinaturas anuais do Jornal "Folha da Região" destinados às escolas da Rede de Ensino da Região da Araçatuba do Estado de São Paulo - Projeto Salas de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 28.589,00
    - Data de Assinatura: 23-06-2010.

    Contrato: 15/00078/10/04
    - Empresa: Empresa Editora o Liberal Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE, de 135 (cento e trinta e cinco) assinaturas anuais do Jornal "O Liberal" destinados às escolas da Rede de Ensino da Região de Americana do Estado de São Paulo - Projeto Salas de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 29.646,00
    - Data de Assinatura: 23-06-2010.

    Contrato: 15/00063/10/04
    - Empresa: Valebravo Editorial S.A.
    - Objeto: Aquisição pela FDE, de 280 (duzentos e oitenta) assinaturas anuais do Jornal "O Vale" destinados às escolas da Rede de Ensino da Região de São José dos Campos do Estado de São Paulo - Projeto Salas de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 77.280,00
    - Data de Assinatura: 23-06-2010.

  • 23/julho/2010
    Contrato: 15/00079/10/04
    - Empresa: Jornal de Piracicaba Editora Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 53 (cinquenta e três) assinaturas anuais do jornal "Jornal de Piracicaba" destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de “Piracicaba” do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 12.455,00
    - Data de Assinatura: 15/07/2010

    Contrato: 15/00077/10/04
    - Empresa: Empresa Francana Editora de Jornais e Revistas Ltda.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 82 (oitenta e duas) assinaturas anuais do Jornal "Comércio de Franca" destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de “Franca” no Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 21.976,00
    - Data de Assinatura: 21/07/2010

    Contrato: 15/00065/10/04
    - Empresa: Empresa Jornalística Orestes Lopes de Camargo S.A
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 159 (cento e cinquenta e nove) assinaturas anuais do Jornal "A Cidade" destinado às escolas da Rede de Ensino da Região de “Ribeirão Preto” do Estado de São Paulo - Projeto Sala de Leitura.
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 56.604,00
    - Data de Assinatura: 22/07/2010.

Um ninho amigo para os amigos

Além de comprar de tudo em todo Estado de SP, não faltaram negócios com a grande imprensa. Já mostradas neste humílimo blog, entidades como Estadão, Folha, Veja etc., foram gentilmente agraciadas, de novo, pelo desvairado pacotaço e permanecerão nas escolas públicas por mais um ano (compare quantidades e valores de 2009). Alvíssaras!

A pergunta que fica é por que a Carta Capital nunca, jamais, em tempo algum mereceu as mesmas benesses do Estado? Estranho, né não?
Outra: quem mais se beneficia com tais "ações pedagógicas"?

Olha só que meiguice:
  • 27/maio/2010 (também publicado em 26/maio)
    Contrato: 15/00548/10/04
    - Empresa: Editora Brasil 21 Ltda.
    - Objeto: Aquisição de 5.200 Assinaturas da "Revista Isto É" - 52 Edições - destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São Paulo - CEI e COGSP - Projeto Sala de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 1.203.280,00
    - Data de Assinatura: 18/05/2010.

  • 28/maio/2010
    Contrato: 15/00545/10/04
    - Empresa: S/A. O ESTADO DE SÃO PAULO
    - Objeto: Aquisição de 5.200 assinatura do Jornal "o Estado de São Paulo" destinado as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São Paulo - Projeto Sala de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 2.568.800,00
    - Data de Assinatura: 18/05/2010.

  • 29/maio/2010
    Contrato: 15/00547/10/04
    - Empresa: Editora Abril S/A
    - Objeto: Aquisição de 5.200 assinaturas da Revista "VEJA" destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São de Paulo - CEI e COGSP - Projeto Sala de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 1.202.968,00
    - Data de Assinatura: 20/05/2010.

  • 8/junho/2010
    Contrato: 15/00550/10/04
    - Empresa: Empresa Folha da Manhã S.A.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas anuais do jornal "Folha de São Paulo" para as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - CEI e COGSP - Projeto Sala de Leitura
    - Prazo: 365 dias
    - Valor: R$ 2.581.280,00
    - Data de Assinatura: 18-05-2010.

  • 11/junho/2010
    Contrato: 15/00546/10/04
    - Empresa: Editora Globo S/A.
    - Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas da Revista "Época" – 43 Edições, destinados as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo - CEI e COGSP - Projeto Sala de Leitura
    - Prazo: 305 dias
    - Valor R$ 1.202.968,00
    - Data de Assinatura: 20/05/2010.

TOTAL PARCIAL DE COMPRAS DA IMPRENSA PELA FDE (pré-eleições):
  • Jornais regionais = R$ 550.205,00
  • Os de sempre = R$ 8.759.296,00
    • R$ 9.309.501,00

Em tempo¹ - Apesar de tantos e tão variados esforços descomunais com o dinheiro público, o candidato-(ex)guerrilheiro, hoje um homem de bens, Aloysio Nunes não está nem entre os seis primeiros colocados; pelo que tudo indica, não vai decolar nesta encarnação. O mesmo para José Serra, que fica a cada dia, por tudo e com tudo, mais por baixo que oritimbó de ofídio. Desesperación total.
Em tempo² - A próxima pesquisa desta casa será sobre um tema muito em voga na campanha do Sr. Alckmin, aguarde.


EDITADO EM 5/SETEMBRO, ÀS 16:10


Reproduzo aqui duas respostas que dei para um comentador no blog do Azenha, que gentilmente divulgou o texto. Disse lá um Sr. Gilton:
Justiça seja feita: o diario da região esta entrevistando todos os candidatos ao senado.
Menos,'rapaziada, menos.
Én isso que queima o filme da blogosfera petista: tem muita negada publicando "notícias", "grandes furos", sem checar. Não é assim que se faz. Presta atenção, pô!
Resposta 1:
Mas nenhum dos candidatos é unha da carne do comprador das milhares de assinaturas (ou ainda faz parte intestina dos quadros do comprador). É, Gilton? Além disso, e coincidentemente, nenhum dos candidatos ligados intestinalmente aos compradores, é também de São José do Rio Preto, onde exerce influência típica dos coronéis. É, Gilton?
É mais, Gilton, mais...
Resposta 2:
Caro Gilton;
retorno para te agradecer a oportunidade de nova "checagem", graças ao que me alertou. Depois do que te respondi acima, fui ao Diário da Região de São José do Rio Preto, o qual você diz estar entrevistando todos os candidatos ao Senado. De fato, encontrei a entrevista com a candidata Marta Suplicy do PT, a primeira colocada nas pesquisas - cujo Diário mesmo reproduz matérias confirmando a primeira colocação - desde sempre.

O interessante, entre tantos pontos, é a diferença de tratamento. Veja só que bacana:
- A entrevista do Sr. Aloysio Nunes Filho, em sexto lugar, atrás até do candidato Moacir Franco, foi feita em 25/agosto; a da Marta, primeira colocada, foi em 1/setembro;
- A manchete de Aloysio é "Aloysio e o desafio de se tornar conhecido"; a da Marta é "Ex-ministra, Marta defende verba para festas". Somente lendo é possível saber quais 'festas' são essas, as quais aliás, são tão propícias à região do jornal (a entrevista: http://www.diariodaregiao.com.br/novoportal/Notic...
- Aloysio teve publicadas as respostas para 20 questões; Marta apenas 8.
- Não houve menções ao passado do Sr. Aloysio como assaltante de trem; Marta respondeu sobre o "relaxa e goza" e "opção sexual do Kassab";
- Nas versões em papel (reproduzida em PDF) e digital aparece o santinho (recortável) em azul do Sr. Aloysio; Marta só tem o santinho na versão PDF (ver aqui: http://www.diariodaregiaodigital.com.br/Flip/Flip... - e comparar com o link da entrevista acima).

Ainda não fui pesquisar as entrevistas para o restante dos candidatos ao Senado, mas farei, fique tranquilo. Mas busquei por "Marta Suplicy" no Diário da Região. Novamente a forma de tratamento é absolutamente diversa. Nas 5 páginas mantidas no histórico do jornal (a partir de 18/10/2010), os links das "matérias" que tratam do PT não parecem receber os mesmos afagos que as do PSDB. Daí que posso estar redondamente enganada, me perdoe, mas parece que o tal Diário é adepto ferrenho do PSDB. Para que qualquer mortal possa ir até lá e me alertar novamente para o bom caminho, basta recorrer à ferramenta de buscas do Diário - e ao bom senso crítico.

Só falta aguardar (e achar) as entrevistas com Netinho de Paula, Orestes Quércia, Romeu Tuma, Ciro Moura, Moacir Franco, Ana Luiza, Dirceu Travesso, Alexandre Serpa, João André Dorta, Marcelo Henrique, Mazzeo, Ricardo Young, Ernesto Pichler e Toni Curiati. Em pouco menos de um mês todas estarão lá no Diário, certamente.
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