domingo, 31 de outubro de 2010

Serra é 54

Dona Lu Alckmin, esposa do governador eleito de São Paulo, recomenda: Serra é 54.
Ela sabe das coisas.



Bem que o esposo tentou ajudar dando um curso rápido e básico. Falhou.
(fonte)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

História de um leitor tucano cidadão

Este singelo blog teve a honra de receber a mensagem de um leitor que segue abaixo. Embora não seja de nosso feitio, publicamos. É um recado inspirador. Após a emocionada missiva seguem algumas informações complementares. Os grifos na carta são nossos.

Prezada NaMaria News;

Sou uma pessoa comum. Meu nome é Carlos Romero e frequento seu blog sempre, leio, comento e recomendo aos amigos de todos os partidos mesmo que eu nunca tenha sido petista. Ao contrário eu votei sempre PSDB, (não me leve a mal! Leia até o fim!). O que me traz ao seu blog é a certeza de que as suas informações procedem, então toda informação segura é bem-vinda. Nunca acreditei que a verdade viria de uma só fonte (eu sei que você sempre fala isso). Além do seu blog eu vou ao Azenha, Nassif, Cloaca, PHA, Vianna, muitos dos outros "sujos" e, claro, os do "meu partido". Os contrastes são impressionantes, para pior.

Eu trabalho na área da engenharia há muitos anos, sou irmão, tio, pai, avô, compartilho todos os deveres e prazeres com minha mulher há mais de 40 anos. Já passei por muitas eleições, mas nunca vi uma sujeira miserável como a que estou vendo nesta eleição de 2010. Como eu disse vou aos sites de "meu partido" e participo de correspondências.

Acontece que recebi um e-mail de um deles indicando um texto, fui lá olhar. Era o site Vou de Serra 45, ligado ao site oficial do José Serra e um texto pedindo para assistir e espalhar um filme disponível no Youtube. O filme é um horror, não apenas pelo tema ou forma como foi feito ou por ser contrário à candidata Dilma Roussef e ao PT e Lula, mas porque as informações nele contidas são absurdas. Eu assisti enojado, deu desespero ao ver tanta imbecilidade. Pouco tempo depois minha filha telefona perguntando se eu havia visto, o mesmo fizeram meus três filhos. Todos estavam revoltados. Mas o pior foi quando meus netos chegaram apavorados em nossa casa. Eles haviam assistido também e estavam assustados querendo saber se aquilo era verdade mesmo. Em casa sempre educamos os nossos para questionar e pensar, para refletir sobre os fatos em vez de aceitar tudo passivamente.

Tive um momento de intensa lucidez, NaMaria News foi algo providencial!! Então expliquei a situação a eles. Mostrei a verdade do governo Lula e a melhoria que até a nossa família teve em vários níveis. Mostrei como vivíamos tristes na Ditadura, como ficamos na miséria com o Collor, como ficamos na corda bamba com FHC e como encontramos conforto e segurança com Lula. Hoje eu tenho trabalho quando quero, mesmo tendo passado dos 60 anos, porque tenho conhecimento de área. Meus filhos estão todos empregados e compraram seus apartamentos, coisa que só fui fazer depois de anos e anos de aluguel e alto financiamento. Meus filhos fizeram faculdade, oportunidade que minha esposa só vai ter agora, graças à nossa estabilidade. Tínhamos uma empregada com mais de vinte anos de casa que saiu para seguir o sonho de fazer uma faculdade. Graças ao PROUNI ela está cursando enfermagem perto de sua cidade de origem no Nordeste. Hoje nos comunicamos diariamente pela internet. Ela é a única de sua família a ter esse privilégio de poder estudar em universidade, já sabemos que seu irmão mais novo irá pelo mesmo caminho em 2011, ele não está mais fazendo carvão nem a família. Isso certamente irá mudar as vidas dos seus familiares e sobretudo de sua filha que verá bom exemplo na mãe (solteira, que fez abortos clandestinos ainda jovem por desespero, ignorância de controle de natalidade e necessidade), mulher que teve sonhos e que é uma guerreira como poucas.

Mostrei isso e mais fatos aos meus netos e netas, mostrei a chantagem da bolinha de papel do Serra, a repercussão péssima do
seu ato desmedido, a mentira do Jornal Nacional, a verdade do SBT e da Record, mostrei os panfletos sórdidos (que minha mulher trouxe da igreja que frequenta), mostrei sites como o seu, o lindo sambão da ridícula bolinha, fomos ao Twitter e até sobre aborto nós voltamos a falar. No final eles tiraram suas conclusões e quando perguntaram -"Mas avô você ainda vai votar no Serra? A avó também?" Foi um choque porque eu não havia pensado nisso ainda. Mas pensei com eles e sei minha resposta.

Foi então que voltei ao site Vou de Serra 45 e escrevi meu comentário logo abaixo do filme de terror e mentiras. Tomei a liberdade de tirar cópias das páginas que seguem no anexo para que ficasse registrado porque eu imaginei que meu comentário não seria publicado por aqueles covardes, mas meus netos e familiares poderiam se orgulhar de mim se o vissem.

Se quiser usar esse material pode usar NaMaria News. Pode espalhar porque a verdade deve ser espalhada muito mais que a mentira. Nossos filhos e netos, o nosso futuro não podem ficar nas mãos de terroristas como esses. Eles é que são os verdadeiros terroristas nessa eleição imunda em que a quiseram transformar. Nós não somos idiotas!!
NaMaria News, meus netos, minha família, meu ex PSDB, caro José Serra... Perdeu!! Sem medo de ser feliz nosso voto é Dilma 13 no dia 31!!

Cordiais abraços.
Carlos Romero
28/10/2010


Comentário feito pelo Carlos - aguarda moderação, para sempre.


Hoje o tal site está fechado ao público, só os íntimos entram (confiram ao lado). Também havia filme do mesmo naipe com a "verdadeira história de Dilma"; ontem, durante o dia, desapareceu. Além do comentário do Sr. Carlos, o comentário imediatamente acima ao dele parece não ter sido compreendido pela grandiosa filosofia dos idealizadores daquele recinto cibernético, foi aprovado.
Interessante porque "a coisa" estava linkada ao site oficial do candidato, também até ontem. Até saiu esculhambação na WEB, mas acabou sumindo de todo lugar. Por que? Comportamento típico, não é, Soninha?

Nossos sinceros agradecimentos ao Sr. Carlos Romero que, além de seu endereço completo, passou fone e skype, por onde tivemos agradabilíssima conversa com grande parte da família.
Este é um homem do bem, de fato.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Um filho teu não foge à luta. Luta.

Cortesia do espetacular Capitão Óbvio, o filme com o não menos espetacular Zé de Abreu explica o "quem é quem" dos períodos tenebrosos da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Uns morreram, outros enlouqueceram, muitos foram presos, comeram o pão que a ditadura amassou... e alguns... viajaram.
Fica fácil saber quem fez o quê na história.
Assista (é inédito).


(link)

Mais informações sobre o tema:
- Une;
- Memória do Movimento Estudantil - Feito pela Fundação Roberto Marinho. Mas por que não há o ano de 1963 na cronologia do movimento? Pulam de 1962 para 1964.
Quem era mesmo o presidente da UNE em 1963/64? Foi este daqui, por sinal entrevistado por um grande admirador.
Então.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Teia de espiões cerca o PSDB

No dia 23 de outubro, o Presidente do PT José Eduardo Dutra disse o seguinte:

(versão Estadão)
"O trabalho dele (Amaury) foi para se contrapor a uma central de espionagem liderada pelo Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), central de espionagem essa que era aliada do Serra. Por isso fizemos um aditamento para que a Polícia Federal investigue também tudo isso ."
(versão G1)
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirmou nesta quarta-feira (20) que investigações da Polícia Federal mostram que a quebra de sigilo fiscal de dirigentes do PSDB e de pessoas ligadas ao candidato tucano à Presidência da República, José Serra, teria acontecido por pessoas ligadas ao próprio PSDB.
A PF divulgou nesta tarde que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. encomendou a violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas a Serra e de dirigentes do PSDB. O jornalista disse que fez a investigação após descobrir que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) estaria realizando investigações contra o então governador Aécio Neves (PSDB-MG) a serviço de Serra. Na época das violações, em setembro e outubro de 2009, o jornalista trabalhava no jornal "O Estado de Minas".
(versão Terra)
"O que o Sérgio Guerra não quer levantar é que o depoimento do Amaury fala que começou a investigar esse assunto porque tinha uma central de espionagem comandada pelo PSDB e pelo Marcelo Itagiba. Por isso que nós fizemos um aditamento ao pedido do inquérito. Porque esse inquérito está acontecendo por um pedido nosso. Nós fizemos um aditamento para que se investigue essa tal central de espionagem. Nisso o Sérgio Guerra não quer tocar". (Dutra)
(versão R7, em 20/outubro e 23/outubro)
"- Não temos nem tivemos qualquer responsabilidade nesse episódio. Pedimos o primeiro inquérito, fizemos aditamento e agora a partir do que foi informado hoje estamos solicitando investigação dessa central de espionagem comandada pelo deputado Marcelo Itagiba, que além de tucano é araponga contumaz." (Dutra)



Momento reload

O NaMaria News foi o primeiro que mostrou os contratos do candidato José Serra, ainda governador de São Paulo, entre a PRODESP e a empresa Fence Consultoria Empresarial LTDA, de propriedade do ex-dirigente do SNI, o coronel reformado do Exército Sr. Ênio Gomes Fontenelle, em dois textos (Coincidências do Dossiê 2002 nos Negócios de SP, e Os contratos da Fence com o Governo de SP). A assinatura do maior contrato, sem licitação, foi em 27 de maio de 2008 (o tal 014/2008), por R$ 858.640,00, fora os extras. Nele está previsto que se buscará por "intrusões eletrônicas" dentro das áreas da PRODESP, em 113 ramais de PABX e 7 linhas diretas, além de 60 salas. Mas também prevê que pode-se procurar em áreas fora de sua sede - ou em outras localizações de seu interesse. A PRODESP cuida de toda, eu disse toda a rede de dados do Estado de São Paulo, com o tal INTRAGOV (a internet governamental).

José Serra e
Marcelo Zaturansky Nogueira Itagiba se conhecem de priscas eras e muitos serviços mútuos prestados. Serra o chamou porque foi Coordenador do Centro de Inteligência da Polícia Federal, sabia muito, demais. Portanto Itagiba tinha cacife para "montar um aparato de inteligência" em seu ministério tão saudável, na ANVISA. Ele então carregou para a tarefa mais alguns delegados da Polícia Federal, entre eles o Sr. Onézimo das Graças Souza. Quando o troço todo começou a feder e vazar demais, José Serra, sempre profissional, acaba com a farra (dezembro/2000) e contrata Ênio Fontenelle e sua Fence Consultoria. Serra terceiriza e amplia as sondagens.

Desde 1997, a Fence está na profissional varrição da política. Diz a matéria do Correio Brasiliense de 14/março/2002:
Nos últimos meses, Fontenelle esteve várias vezes no Ministério da Saúde, onde encontrou-se com Serra. Hoje, cerca de 600 telefones e ambientes (salas de reunião e gabinetes) são monitorados pela Fence no ministério.
A empresa rastreia, principalmente, a existência de grampos ou emissores de rádio clandestinos, com capacidade de transmitir conversas para um interceptador posicionado a até 100 metros de distância. (...)
O coronel tem outro conhecido comum com Serra: o delegado da Polícia Federal Marcelo Itajiba. O delegado foi assessor do candidato tucano em Brasília. Mas, antes de desempenhar essa função burocrática, era chefe do Centro de Inteligência da PF, a mais produtiva instaladora de grampos legais a serviço do governo. No ministério, Itajiba montou uma mini-central de inteligência, que contou com a participação dos delegados da PF Onésimo e Hercídio.
Itajiba é da copa e cozinha do ex-ministro. Serra tentou, sem sucesso, fazê-lo diretor-geral da Polícia Federal, em 1999. Hoje, o delegado está no Rio, assim como Fontenelle. ‘‘Conheço o delegado, mas apenas de contatos superficiais’’, disse Fontenelle ao Correio". (...)

Coincidentemente, o contrato feito entre o Ministro da Saúde José Serra e a Fence, também previa "a verificação de intrusões eletrônicas". Igualzinho ao da PRODESP. O serviço para José Serra, por R$1.872.576,00, foi rompido no começo de 2003 pelo Ministro Humberto Costa, já no governo Lula. Só que antes disso, em 2002, estraçalhou com Roseana Sarney e Serra saiu candidato.

Outros contratantes da varrição eletrônica de Fontenelle foram o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal Militar e o Tribunal Superior Eleitoral. Em 2005 foi a vez do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rescindir "amigavelmente" o contrato com a Fence do Fontenelle com valor que passava dos R$280 mil. O rastreamento de grampos eram nos telefones do tribunal, nos gabinetes e nas residências de seus 33 ministros e do diretor-geral.

O Tribunal de Contas da União, também cliente da Fence, fez auditorias. Embora "não tenha descoberto irregularidades" nas contas/contratos com a EMBRATUR, Caixa Econômica Federal, CONAB e Correios, mostrou que verificações de intrusões eletrônicas da Fence eram executadas bem longe de onde foram previamente contratadas:
em residências de diretores de órgãos que não lidam com informações com o mesmo grau de sigilo, caso, por exemplo, de dirigentes dos Correios e da Fundação Nacional de Saúde. E que a Fence, a título de "cortesia" para o Superior Tribunal Militar, varria 26 locais e cobrava apenas por 15. (fonte)

É fundamental refletir muitíssimo sobre o que o jornalista Amaury Martins Ribeiro Júnior declarou à Polícia Federal, em 15 de outubro de 2010, página 647, para desvendar de vez a trampa dos dossiês do PSDB e outras mumunhas mais. Amaury diz que fica sabendo do grupo "clandestino de inteligência
" atrás de Aécio Neves, em dezembro de 2007; em 2008 Amaury retoma as antigas pesquisas das privatizações. Preste atenção:



Justo em 2008, nas mesma bases, na mesma configuração legal, mesmo período crítico, até quase na mesma faixa de preço, a Fence está em pleno governo de São Paulo, trazida pelo mesmo homem que a levou à Brasília na era Fernando Henrique Cardoso, usada antes e quando também queria ser eleito: José Serra.

Pode ser tudo completa coincidência, como sempre diz o candidato do PSDB, quando o horror bate à sua porta e grita verdades. Mas, sem dúvida, é muito esquisito.

PS- A Polícia Federal vai dar uma olhada nisso também?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

OVNI existe e quis pousar na cabeça do Serra

Para quem não crê em objeto voador não-identificado (OVNI), José Serra, hoje, no Rio de Janeiro, foi testemunha fidedigna da sua existência (do OVNI e não dele mesmo, apesar de até ele duvidar - dele mesmo, não do OVNI). E o melhor: uma câmera do SBT gravou tudo, assim a gente passa a crer na coisa também. Eis que estava o Sr. Serra alegre e feliz em meio aos seus partidários quando, repentinamente, do nada, sem querer e aquém da compreensão humana rompeu-se um vavavá. Daí o Sr. Serra adentra uma loja, dá um tempinho, mas em seguida volta às ruas. Entre um entra-e-sai e outro do Sr. candidato em abrigos disponíveis contra a gentama conturbada, o OVNI aparece em cena, dirigindo-se à lateral direita da calota craniana superior do Sr. Serra, sem que nada ou ninguém pudesse (ou quisesse) detê-lo. Simples, de surpresa, impávido que nem Muhammed Ali, infalível como Bruce Lee. O troço vem, vem, vem, pumba na cabeça do Sr. Serra, dá uma quicada velocíssima e sai de cena, sem sombra de dúvida indo parar nas profundezas da terra, no espaço sideral ou simplesmente na calçada. Ainda não se sabe. Jamais saberemos. O Sr. candidato dá uma olhada sutil para saber o que poderia ser aquele trocinho leviano, branco, de formato esférico e segue seus afazeres. Então, 20 minutos depois, de volta à caminhada, ele recebe telefonema em seu celular que deve ter-lhe trazido péssimas notícias, porque imediatamente leva sua mão esquerda à calota craniana repetidas vezes. A partir daí a dor se instaura, as náuseas tomam-lhe conta e, primeiro em veículo SUV, depois em um helicóptero, seus zelosos assessores o levam a um médico de sua intimidade, particular de longa data, em clínica distante léguas e léguas, que manda ver numa tomografia. O mesmo doutor, em entrevistas mil até para outras emissoras amigas e filiadas que não conseguiram flagrar o OVNI violentíssimo, assegurou não ter a coisa estranha deixado sequer um fiapo de resquício, tampouco sequelas para o futuro. Determinou-lhe, outrossim, repouso absoluto, exceto para eventuais entrevistas e filmagens oportunas da campanha eleitoral. As imagens abaixo foram extraídas da película do SBT. Entretanto não podemos afirmar se o OVNI agiu como sempre age um OVNI tradicional de boa cepa, que abduz aqueles que toca. Somente saberemos se houve ou não abdução e de qual natureza ao observar atentamente as próximas reações do Sr. candidato: se lembrará do Paulo Preto, do Aécio, do motivo do vazamento da Receita, do aborto de Mônica Serra, da gráfica da Kobayashi, da elegância de sua campanha e demais temas afins. E ainda, se repentinamente surgir-lhe magnífica cabeleira. Encontre o OVNI: objeto em forma esférica, de cor esbranquiçada na região encefálica do candidato. Eis o vídeo na íntegra, cuja fonte direta está aqui.
Aguardemos, pois. Alvíssaras!

A total imparcialidade da imprensa de aluguel

Esta é a imagem da página UOL Eleições de hoje (20/10) às 17:22.
Veja a imparcialidade da nossa imprensa, o espetáculo de confiabilidade, a ética exemplar, o rigor da mais pura e verdadeira informação. Isso daí é tudo de bom.
Observe, aprenda e não esqueça. É assim que se faz.

Serra: 29 aparições, obras completas. Óbvio, 4ever in blue.
Dilma: 10 aparições (com muita boa-vontade, espremendo, tentando de tudo aqui e sem levar em conta outras semioticidades).



Clique na imagem e ela poderá ser vista em toda sua glória.
E você ainda paga UOL?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dos blogs para a TV - o caso dos panfletos

Reportagem poderosa de Rodrigo Vianna, para o Jornal da Record. É o caso dos panfletos e toda bandalheira da Gráfica Pana, que por acaso é da irmã de Sérgio Kobayashi, a senhora Arlety Satiko Kobayashi, filiada ao PSDB, tucana de ascendência e descendência. O Sr. José Serra acha naturalíssimo - e nada a ver com o andar de sua carruagem - que tal gráfica tenha tais relações e tenha feito o que fez por 33 mil dinheiros - só nessa tacada em que foi pega no pulo. Não passa de completa coincidência o fato de que a irmã de seu coordenador de campanha (Sérgio Kobayashi) e seu sobrinho Alexandre Takeshi Ogawa (sócio e filho de Arlety), tenham impresso mais de milhão de nefastos folhetos na singela gráfica, com grana de quem só Deus sabe, a pedido de bispos da igreja católica, TFP, monarquistas e afins, contra a candidata que se opõe a ele nessas eleições. São apenas coincidências, nada mais. Se você caiu de balão nessa lambança e não sabe de nada, antes leia isso e isso. A matéria no vídeo abaixo é supimpa, nem vai ser necessário desenhar para a perfeita compreensão dos fatos. Agora, se você tem paciência de Jó e alguma boa-vontade em seu nobre coração, por gentileza entre neste recinto cibernético e assista ao animado vídeo do padre que tem problemas em falar a palavra 'descriminalização'; leia os textos mandando imprimir os mesmos panfletos, navegue por lá com suavidade. Esta indicação é uma retribuição à bondade de terem nos citado tão amavelmente. Alvíssaras.

domingo, 17 de outubro de 2010

No PSDB é tudo entre amigos, sempre

Veja como o mundo é pequeno, mas a ciranda o inverso. Sérgio Kobayashi, tio de Victor Kobayashi, citado no texto anterior, tem uma vida bastante dinâmica nos governos do PSDB de SP, desde o século passado.

Ele trabalhou na campanha eleitoral de Mário Covas para a presidência, em 1989, e para o governo do estado - 1990, 1994 e 1998. Foi assessor do Covas em sua gestão, um secretário pessoal. Sérgio Kobayashi foi diretor da Imprensa Oficial do Estado na gestão de Franco Montoro. Depois foi presidente da mesma instituição nos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Atuante como o quê, não poderia ter deixado de passar pela Educação do Estado de São Paulo: ele foi diretor-executivo da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, a famosa FDE. Mas lá pelas tantas deu um problemão na antiga FEBEM e ele vai ser diretor daquilo, para tentar apagar os incêndios. Resolvida a parada, ele quis voltar à FDE, mas foi impossível. Gabriel Chalita havia nomeado o diretor técnico Tirone Francisco Chadad Lanix em seu lugar - daí a profunda admiração que Kobayashi, entre outros do PSDB, tipo José Serra, sente por Chalita. No Diário Oficial estava (e está) Hubert Alquéres, que o substituiu, em 2003. Como ficaria o Sérgio, então?

Oras, em dezembro de 2004, após ter trabalhado na campanha de Serra, este, já prefeito, o nomeia Secretário de Comunicação do Município para promover um sistema mais democrático e eficiente na veiculação de informação para a população. Ele zarpa do cargo exatos 14 meses depois. Motivo? Repare no imbróglio:

... deixou na gaveta a primeira mácula da administração Serra: no exercício do cargo, Kobayashi contratou a empresa de uma antiga sócia, a jornalista Lu Fernandes, e destinou a ela uma gorda fatia dos R$ 30 milhões anuais que sua caneta poderosa controlava.
Lu Fernandes é jornalista de prestígio em São Paulo. Na juventude, militou no Partido Comunista quando a legenda sobrevivia na clandestinidade. Em 1991, abriu o Escritório de Comunicação. É uma empresa de assessoria de imprensa. Há 15 anos, figura entre as maiores do ramo.
Escritório de Comunicação não é a única pessoa jurídica da qual Lu Fernandes detém cotas. Ela também é sócia da Editora Barcarolla. Criada em novembro de 2003, a Barcarolla só saiu do papel efetivamente em março do ano seguinte, mês em que a firma admitiu um novo sócio, justamente Sérgio Kobayashi — cujo prestígio no meio editorial é reconhecido desde quando presidiu a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo nas gestões tucanas de Mário Covas e Geraldo Alckmin. Cobertor Em duas oportunidades ao longo de 2005, em maio e em dezembro, a assinatura de Kobayashi chancelou a contratação do Escritório de Comunicação pelas secretarias municipais de Serviços (subprefeitura da Sé, a principal da capital) e de Transportes. Nesta, a empresa atua junto à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e junto à SPTrans — estatal entregue pelo prefeito Serra ao PPS, legenda sucessora do antigo partidão no qual Lu Fernandes militou. Neste tipo de negócio, detalhes sobre valores são relativamente escondidos. Não há registro de um único centavo saindo do tesouro municipal em direção ao caixa do Escritório de Comunicação. Porque ele é subcontratado pelas agências de publicidade que atendem aos órgãos da prefeitura — Agnelo Pacheco Comunicação no caso da subprefeitura da Sé e Rino Publicidade na área de transportes. Contatada pela reportagem, a própria Lu Fernandes informou que os dois contratos lhe rendem R$ 112 mil mensais, ou R$ 1,3 milhão por ano — equivalente a 4% do orçamento da prefeitura para a área de publicidade, o que não é pouca coisa. Ela, entretanto, rechaça qualquer menção a tráfico de influência. “Eu fiz todas as campanhas do Serra, sou amiga dele, estranho seria se eu não fizesse nada com o Serra", argumenta. "Além do mais, o Sérgio Kobayashi não era mais sócio da Barcarolla quando me contratou, passou só quatro meses na empresa." (Continue lendo, que o buraco é mais profundo. Depois leia isto também.)
Quando secretário de comunicação no governo Serra na prefeitura de SP, Kobayashi contratou o Instituto UNIMEP por R$ 1,5 milhão, a cujo presidente chamava de "meu amigo", desde quando estava na FDE. Essa ONG é formada pelo ex-reitor da Unicamp Carlos Vogt, atual secretário estadual de Ensino Superior no governo Serra. De 2001 a 2006 essa entidade firmou diversos contratos sem licitação com o Governo do Estado de SP, no valor total de R$ 90 milhões de reais. (Vide CASO UNIEMP)

Ele tem ONG (OSCIP) própria – o Instituto Paulo Kobayashi (IPK) -, cuja inauguração teve a participação do então prefeito José Serra. Na IPK, o senhor Sérgio Kobayashi aparece como conselheiro consultivo, Victor Kobayashi foi seu fundador e presidente - vale a pena ver este vídeo em que ele aparece como candidato em 2008, é absolutamente pertinente. Esta ONG recebeu mais de R$ 400 mil do governo do Estado e da Prefeitura de SP nos últimos dois anos. Quer o vídeo institucional? Tem aqui.

O profissional Sérgio Kobayashi atualmente é "coordenador de infra-estrutura da campanha presidencial". Sérgio Kobayashi trabalha com o dinheiro da campanha de José Serra.

ATUALIZAÇÃO 18/outubro:

Confirmado - Arlety Satiko Kobayashi, a sócia da Gráfica Pana, é irmã de Sérgio Kobayashi.

Tudo entre amigos.

sábado, 16 de outubro de 2010

Os panfletos mentirosos da CNBB e suas relações obscuras

Coisas pavorosas. A desgraça dos panfletos contra a Dilma, que "supostamente" bispos da CNBB mandaram imprimir na Gráfica Pana, no Cambuci, tem em documento de encomenda/fatura o e-mail de um senhor chamado "kelmon.luis@theotokianos.org.br" (Kelmon Luis da S. Souza). Vide imagem. Ora, trata-se e-mail da Associação Theotokos, da qual o Sr. Kelmon é o presidente. Pelo RegistroBR sabe-se que o site está em nome da Casa de Plínio Salgado, que por sua vez é isto (credo!). Será o benedito que a santa madre igreja tá nesse terror de mandar essa gente mandar uma gráfica fazer e entregar panfleto mentiroso, descarado, sórdido e podre no Paraíso, Barra Funda e Rua do Bosque? E quem paga é a Mitra Diocesana de Guarulhos? Vide imagem. Vide o filme de onde foram retiradas as imagens. Que relações são essas? Desculpe, sou alma ingênua. ATUALIZAÇÕES: Dando voltas. O dono da Editora Gráfica Pana LTDA é Alexandre Takeshi Ogawa. O pai, Paulo Ogawa, que aparece no vídeo é o "contador". Sócia da gráfica é Arlety Satiko Kobayashi, funcionária pública da Assembleia Legislativa de SP (ver DO: matrícula 5057); filiada do PSDB do bairro da Bela Vista; décima maior doadora da campanha de Victor Kobayashi (vereador suplente PSDB, 2008; em 2010 candidato a deputado estadual, não eleito), que por sua vez é filho do também político Paulo Kobayashi, falecido, e que solta belezas difamatórias feito esta no Twitter. 2.100.000 panfletos, por R$33 mil - Quem paga? ATUALIZAÇÕES² Por que os panfletos teriam de ser entregues na Barra Funda, na Rua do Bosque (que também é Barra Funda) e no bairro do Paraíso? O que a Mitra Diocesana teria a ver nesses lugares? Qual é a rede nessa história? A Associação Theotokos fica exatamente na Rua do Bosque, 1903 - Barra Funda - São Paulo - CEP 11360-001 - essa casa abaixo. Para onde iriam os panfletos depois daí? Já no Paraíso, também há representantes ortodoxos. E um monte de igrejas católicas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Viomundo entrevista NaMaria: 250 milhões para a mídia em nome da Educação pública de SP

Reproduzimos, honrosamente, entrevista dada à Conceição Lemes, Viomundo - do Luiz Carlos Azenha.

Desde 2004, PSDB paulista gastou R$ 250 milhões com a mídia
(quase tudo sem licitação)
~ Conceição Lemes

Transparência é sine qua non em todo negócio público. Uma das formas de garanti-la é a licitação, quase sempre obrigatória. Mesmo nas situações excepcionais em que é dispensável, o contrato da minuta tem de estar disponível, on-line, para consulta. O descumprimento dessas normas tem de ser denunciado, é óbvio.

Rápida busca no Google revela que denúncias nesse setor (às vezes improcedentes) geralmente ganham destaque na velha mídia quando envolve pessoas e órgãos ligados ao governo federal ou aos aliados da base de sustentação do presidente Lula.

Essa mesma mídia, no entanto, silencia sobre as benesses que recebe da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), via Fundação para Desenvolvimento da Educação (FDE), pela venda de apostilas, jornais, revistas, livros.

"Desde 2004, especialmente de 2007/2008 em diante, a FDE pagou no mínimo R$250 milhões (R$248.653.370,27) [valores não corrigidos] à Abril, Folha, Estadão, Globo/Fundação Roberto Marinho", denuncia NaMaria, do NaMaria News, ao Viomundo. "A maioria sem licitação."

"As vendas maciças desse papelório à FDE coincidem com o apoio crescente da mídia à candidatura José Serra e apoio ao PDSB", observa NaMaria. "As publicações são apenas cortina de fumaça. Uma desculpa perfeita, pois com dinheiro do FNDE podem-se comprar tais coisas. Porém, o que a FDE comprou, de verdade, foi a palavra nesses espaços."

"Em São Paulo, à custa da educação pública, estão se construindo inúteis 'escolas de papel'", nota NaMaria. "Afinal, esse papelório é dispensável e o destino, o lixo. Quem não se lembra dos Cadernos do Aluno, caríssimos, feitos em editoras como a Plural (da Folha), Ibep, Posigraf, Esdeva, FTD, que foram encontrados em caçambas de lixo, e dos que tinham o mapa da América do Sul com dois Paraguais?"

"Quase todo o dinheiro da compra de jornais, revistas, apostilas, inclusive daquelas mochilas que o Serra alardeia nas propagandas, vem do FNDE", revela NaMaria. "Mas a SEE-SP e a FDE omitem, fazem bonito com os donos da mídia com o chapéu do governo federal. As compras estão dentro da lei, mas será que são relevantes?"

"Por exemplo, para a Editora Abril/Fundação Victor Civita foram entregues R$52.014.101,20 para comprar 4.543.401 exemplares de diferentes publicações. Com esse dinheiro, poderiam ser construídas quase 13 escolas ou 152 salas de aula novinhas, com capacidade para mais de 15 mil alunos nos três períodos – considerando que uma escola com 12 salas custe R$4,1 milhões e cada sala cerca de R$340 mil."

FNDE é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). A FDE-SP, criada para cuidar da construção e infraestrutura escolar, cresceu demais, adquiriu poderes imensos, virou um buraco negro. Exceto a folha de pagamento, passa por aí desde o dinheiro para a compra de papel higiênico (suprimentos), merenda, material didático, mobiliário escolar, kits escolares (mochila, cadernos etc.), projetos pedagógicos, capacitações até o destinado para aquisição de computadores e softwares.

"A FDE sequer publica no Diário Oficial (DO) a justificativa de suas compras que dispensam de licitação", condena NaMaria. "Até hoje encontrei poucas. Por exemplo: assinaturas do Diário Oficial, feitas pelas Diretorias de Ensino, locações de imóveis, serviços emergenciais de limpeza escolar. Mesmo assim incompletas. Outras secretarias até publicam, a Educação, não. Não é piada?"

O NaMaria News existe há um ano e meio. A "dona" é uma web-pesquisadora muito dedicada e competente, com faro finíssimo para descobrir desmandos na educação pública, principalmente os praticados pelo PSDB de São Paulo. A veracidade e excelência do seu trabalho são tamanhas que NaMaria hoje é referência.

NaMaria é uma só. Mas, por meio das redes, vira uma legião capaz de chegar a qualquer canto do Brasil. Por isso, neste segundo turno da eleição presidencial, o Viomundo entrevistou-a, para entender melhor os meandros dos negócios dos tucanos na área educacional.

Afinal, a Secretaria da Educação Estadual de São Paulo é uma das maiores empresas públicas do mundo: tem 4.449.689 de alunos (matrículas 2009), 278.443 professores ativos (comprove aqui) e execução orçamentária recorde em 2009 de R$1.9 bilhão (Relatório FDE).

Viomundo – Vou começar com a pergunta que todo mundo gostaria de fazer a você: como descobre tudo isso?
NaMaria – (Risos) ... lendo o Diário Oficial de São Paulo. Lá temos drama, suspense, ação, ficção científica, mistério. E um pouco da realidade, que não faz mal a ninguém. Vai dizer que a notícia dada no DO de que o Alckmin, quando governador em 2003, acabaria com as enchentes do Tietê não é ficção? E que saiu por quase um bilhão de reais, com dinheiro japonês, não é de matar de emoção? Só é.

O Diário Oficial também tem muita diversão. É como se eu me movesse num enorme labirinto. Por exemplo, eu chego lá com o número de um contrato ou o nome de algum personagem histórico do mundo dos negócios. Eu tenho de seguir o rastro dele, atentando às mínimas pistas, para reconstruir as tramas. Às vezes ao "caçar" compras de jornais e revistas sem licitação, acho um contrato recém-assinado, milionário, com empresa de aluguel de computadores ou serviço de lanches, prestação de serviços em eventos.

Sem dúvida, o DO (risos, de novo) é o melhor jornal de todos os tempos. Parece ser o único que fala alguma verdade – mesmo que por outras vias. Há também os leitores que nos enviam sugestões de pesquisa, denúncias, perguntas interessantes.

Viomundo — Qual o seu diagnóstico da educação pública em São Paulo?
NaMaria — Quem mora em outro estado e vê a propaganda, acha que a nossa educação vai muito bem. Tremenda ilusão. A propaganda é bonita mas pura mentira. A educação vai péssima. O fracasso pedagógico está claríssimo. Basta conversar com pais, alunos e professores. As escolas públicas paulistas são protótipos caros de cadeias e túmulos de sonhos. As crianças e os jovens que as frequentam são o que menos importam aos gestores. Idem os professores.

Viomundo – São Paulo é o estado mais rico da federação, a Secretaria de Educação tem muito dinheiro. Por que os resultados práticos são tão ruins?
NaMaria — Dinheiro não significa qualidade. E dinheiro mal empregado, pior ainda. É a máxima do menos é mais, só que ao avesso. O fracasso pedagógico decorre da filosofia implantada aqui: a nossa educação é baseada em negócios.

Viomundo — Esse modelo começou com o Serra na Prefeitura?
NaMaria — A filosofia, não. Mas a relação desse modelo de negócio com a mídia, sim. Muitos dos meganegócios, prestações de serviços, projetos "pedagógicos", empresas ganhadoras e práticas atuais da FDE tiveram berço com Serra quando prefeito de São Paulo.

Viomundo – Comecemos pela filosofia.
NaMaria — A educação baseada em negócios começou em Brasília, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando Paulo Renato de Souza era ministro da Educação (1995 a 2002). Vários membros da equipe abriram empresas quando saíram do governo e passaram a vender serviços para o próprio governo. O próprio Paulo Renato montou a PRS Consultoria. A Veja, parceira visceral da SEE-SP, já na década de 90 fazia elogios rasgados à política educacional do Paulo Renato.

Em janeiro de 2005, quando o Serra se tornou prefeito, muitos deles vieram para cá para implantar o projeto de negócio em educação.

Em dezembro de 2007, já com Serra governador de São Paulo, o projeto aparece no estado. A secretária de Educação era Maria Helena Guimarães de Castro, ex-MEC e ex-secretária de Educação do Distrito Federal, do então governador José Roberto Arruda.

Daí, veio também para a SEE-SP a Iara Glória Areias Prado, ex-secretária-adjunta de Educação da Prefeitura, ex-assessora na empresa PRS do Paulo Renato, esposa do "homem das pesquisas" Antônio de Pádua Prado Júnior, o Paeco, cuja empresa APPM tem significativos clientes, entre eles a agência Lua Branca, do Luiz Zinger González, o marqueteiro atual do Serra, cuja mesma agência fez trabalhos caríssimos para o Paulo Renato na SEE e que também é Conselheiro Consultivo da Fundação Mário Covas.

Veio ainda a Cláudia Aratangy, hoje Diretora de Projetos Especiais no lugar da Iara Prado, que exerce outras funções poderosas. Veio a Guiomar Namo de Mello, que também é diretora executiva da Fundação Victor Civita, é diretora da EBRAP – Escola Brasileira de Professores, conselheira na Sangari Brasil, está dentro da SEE/FDE – tendo sido contratada não pela Educação, mas através da FUNDAP Fundação do Desenvolvimento Administrativo – (ver também a Resolução SE – 79, de 3-11-2009) –; é da equipe executora dos Cadernos dos Professores "Gestão do Currículo na Escola" 2008-2010 e por aí vai. Daí tem também a Maria Inês Fini, Zuleika de Felice Murrie e depois Eliane Mingues, entre outros. A lista é imensa, podemos ficar aqui uma semana enumerando-os. Detalhe: todos da turma do Paulo Renato dos tempos de MEC. Desde 2009, Paulo Renato é o secretário da Educação do Estado de São Paulo.

Viomundo — Você disse que muitas das práticas atuais da FDE tiveram início com Serra quando prefeito...
NaMaria — Te dou um exemplo. A Central de Atendimento da FDE é feita pela Call Tecnologia e Serviços, que chegou na Prefeitura de São Paulo, em abril de 2006, para fazer a Central 156. A Call foi parar, via licitação, na Educação de SP em março de 2009, para fazer um serviço que já era feito pelos funcionários da FDE: atender as chamadas telefônicas, orientar os usuários etc..

Mas o Paulo Renato e o Serra acharam por bem ter uma "empresa terceirizada mais profissional" para o serviço, para agilizar. Só que um tanto mais cara também: algo como R$3.984.000,00 (contrato 52/0020/09/05) – fora a tonelada de equipamentos, instalações e software que tiveram de comprar para a coisa andar direito; então lá se foram alguns milhões. E as empresas fornecedoras desses equipamentos e serviços também são velhas conhecidas tanto da prefeitura quanto do estado. Uma parte dessa aventura já foi tratada no NaMaria News (aqui). É bom não esquecer que a Call Tecnologia, original de Brasília, está na Operação Caixa de Pandora – junto com outras empresas de tecnologia, gráfica e software que negociam com São Paulo.

O Serra, na verdade, fez da prefeitura um piloto do que colocaria em prática, depois, no governo do estado. Testou tudo: tipos de negócios, projetos, mega-assinaturas de publicações da Abril, Estadão, Folha, Globo, ex-membros da equipe do Paulo Renato, até o próprio Paulo Renato. Portanto, não é errado pensar que o seu governo estadual foi piloto para o que pretende fazer, se eleito como presidente. Ele gosta de um projeto-piloto.

Viomundo — Mas a Marta Suplicy (PT-SP) também comprou assinaturas revistas da Abril e outras editoras quando prefeita...
NaMaria — A Marta assim como governos anteriores. Acontece que ela comprava a maioria definitiva e comprovadamente para as bibliotecas. Quem queria ler ou consultar, ia às bibliotecas e pronto. No DO é fácil comprovar isso. Portanto, em quantidades e valores mínimos se comparados ao que vimos com Serra na Prefeitura, depois no governo do estado de São Paulo. É o caso do projeto Ler e Escrever, que surgiu na Prefeitura em 2005. Em 2007, ele apareceu na SEE-SP.

Viomundo — O que é o projeto Ler e Escrever?
NaMaria — Entre outras funções mais nobres, ele é responsável por comprar livros, sem licitação, em grandes quantidades, entre os quais aqueles noticiados em toda imprensa como "pornográficos", tipo o Memórias Inventadas, do Manoel de Barros (463.088 exemplares, por R$2.315.440,00). Há editoras campeãs de vendas também — estamos levantando isso.

Mas o mais intrigante desse projeto são as compras denominadas "materiais de apoio pedagógico". Por exemplo: dez contratos [2008-2010] de revistinhas da Turma da Mônica (e Cascão), da Panini, que custaram aos cofres públicos de São Paulo quase R$27 milhões, sendo um deles de R$14 milhões numa tacada.

Foram gastos R$18 milhões em revista Recreio, da Abril. Para a Ediouro, nas compras de Coquetel Picolé, foram mais de R$6 milhões.
Aí, eu pergunto. Do ponto de vista educacional-pedagógico, que utilidade tem essas revistinhas? NENHUMA. Bem, os adeptos sempre podem recorrer à faceta lúdica, mas e aí? Como é isso na sala de aula?

Da Fundação Victor Civita, a Secretaria da Educação de São Paulo comprou 18.160 assinaturas da revista Nova Escola no final de 2004 e em outubro de 2007, respectivamente. Em 2008, saltou para 220 mil assinaturas, que custaram R$3.740.000,00.

Curiosidade: além de ter a Nova Escola no local de trabalho, os professores passaram a receber as revistas em suas casas. O que significa que endereços e dados pessoais dessa gente foram para o banco de dados da Fundação Victor Civita, sem permissão ou conhecimento prévio de seus donos.

O NaMaria acompanhou algumas dessas aquisições do Ler e Escrever. Só para a revistinha Turma da Mônica, da Editora Panini, que já teve negócios com a Globo, a FDE pagou a "módica" quantia de R$14.277.067,20.



Os quadros abaixo não são completos, são apenas um apanhado do que eu consegui levantar. Mas é de desnortear qualquer um, concorda?

PANINI BRASIL LTDACONTRATO / LINK D.O.VALOR
90.000 unids. Almanaque do Cascão, 90.000 unids. Almanaque da Mônica~ 15/0134/08/04 ~ 29/mar/2008561.600,00
9.000 Assinaturas Revista da Turma Mônica~ 15/0135/08/04 ~ 29/mar/20081.422.900,00
103.092 avulsas: 51.546 Almanaque do Cascão e 51.546 Almanaque da Mônica~ 15/0695/08/04 ~ 29/mai/2008321.647,04
5.155 Assinaturas Revista Turma da Mônica~ 15/0694/08/04 ~ 12/ago/2008815.005,50
?? Livros títulos diversos ficção e não-ficção para 2ª, 3ª e 4ª do Ciclo I~ 15/1045/08/04 ~ 14/out/200847.946,30
57.310 assinaturas da Revista Turma da Mônica~ 15/0147/09/04 ~ 2/abr/200914.277.067,20
34.938 assinaturas Turma da Mônica Jovem e 279.504 unids. avulsas nº 1 ao 8 Turma da Mônica Jovem~ 15/0146/09/04 ~ 17/abr/20094.373.538,84
195.749 unidades Almanaque do Cascão e 195.749 unids. Almanaque da Mônica~ 15/0148/09/04 ~ 17/abr/20091.291.943,40
11.295 assinaturas da Revista Turma da Mônica0, sendo 5 exemplares por classe de 1ª série - CEI.~ 15/0502/09/04 ~ 6/ago/20092.344.842,00
392.000 avulsos do Almanaque da Turma da Mônica (196.000 do Cascão, 196.000 da Mônica)~ 15/00549/10/04 ~ 23/jun/20101.332.800,00

TOTAL26.789.290,28

EDIOURO PUBLICAÇÕES DE PASSATEMPOSCONTRATO / LINK D.O.VALOR
126.000 assinaturas Revista Coquetel Picolé (+ o aditamento ver DO 14/maio/08)~ 15/0180/08/04 ~ 2/abr/20081.892.062,80
132.244 assinaturas Revista Coquetel Picolé~ 15/0185/09/04 ~ 20/mai/20093.023.097,84
62.129 assinaturas Revista Coquetel Picolé~ 15/0529/09/04 ~ 26/ago/20091.183.557,45

TOTAL6.098.718,09

Viomundo — NaMaria já denunciou a compra de outras assinaturas, como Veja, Estadão, Folha, IstoÉ, Época, Galileu... Tem ideia das justificativas para as compras e de quanto o governo de São Paulo pagou nos últimos anos às empresas que fazem essas publicações?
NaMaria — Raramente se encontra no Diário Oficial os contratos dessas compras, apesar de ser obrigatória a publicação bem como a justificativa, portanto não sabemos porque essa e não outra e tal. Mas sobre gastos dá para ter uma noção maior, desde que esteja tudo publicado. De modo que o meu apanhado é apenas de uma parte do dinheiro gasto. Pelas pesquisas do NaMaria, desde 2004, especialmente de 2007/2008 em diante, foram entregues no mínimo R$250 milhões (R$248.653.370,27) [valores não corrigidos]. Sem dúvida é mais do que isso, mas já dá para fazer uma reflexão.

Se pegarmos as compras feitas pela FDE à Abril (Guia do Estudante Vestibular, Atlas Nacional Geographic, Revista Recreio e Veja) e Fundação Victor Civita (Revista Nova Escola), em contratos sem licitação que o DO aponta desde 2004 até agora, teríamos a quantia de R$52.014.101,20 (tabela abaixo).

Com o mesmo dinheiro entregue à Abril/Civita, sem qualquer percalço licitatório, em troca de papel, poderíamos construir quase 13 novas escolas ou cerca de 152 salas de aula, com capacidade para mais de 15 mil alunos nos três períodos (manhã, tarde e noite). Desafogaríamos as escolas existentes e atenderíamos dignamente os alunos e comunidades.

ED. ABRIL / FUND. CIVITACONTRATO / LINK D.O.VALOR
18.160 assinaturas (renovação) Revista Nova Escola (DE's/Ofs.Pedags/Escolas) SÓ HÁ 2 REGISTROS EM DO – onde e quando o contrato inicial?~ 42/2199/04/04 (ver DO 29/12/04) ~ 14/jan/05326.880,00
18.160 assinaturas (renovação) Revista Nova Escola~ 15/1063/07/04 ~ 23/out/2007408.600,00
220.000 assinaturas da Revista Nova Escola – edições 216 a 225 - solicitado pela CENP para o "Ler e Escrever"~ 15/1165/08/04
(ver DO 1/10/2008 ) ~ 25/out/2008
3.740.000,00
415.000 exemplares Guia do Estudante Atualidades Vestibular 2008~ 15/0543/08/04 ~ 23/abr/20082.437.918,00
430.000 exemplares Edições nº 7 e 8 do Guia do Estudante Atualidades Vestibular~ 15/1104/08/04 ~ 22/out/20084.363.425,00
430.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.08 + 20.000 Revista do Professor~ 15/0063/09/04 ~ 11/fev/20092.498.838,00
540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed. 09 + 25.000 Revista do Professor~ 15/0238/09/04 ~ 16/jun/20093.143.120,00
540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.10 + 27.500 Revista do Professor~ 15/0614/09/04 ~ 29/ago/20093.249.760,00
540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular 2º sem 2009 + 27.500 Revista do Professor~ 15/00024/10/04 ~ 2/abr/20103.177.400,00
540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed.11-2º sem 2010 + 27.500 Revista do Professor Nº5~ 15/00473/10/04 ~ 15/jun/20103.328.600,00
540.000 Guia do Estudante Atualidades Vestibular Ed. 12-2º sem 2010 + 27.500 Revista do Professor Nº6~15/00762/10/04 ~ 17/ago/20103.328.600,00

PARCIAL25.527.661,00
3.000 assinaturas Revista Recreio~15/0181/08/04 ~ 29/mar/20081.071.000,00
6.000 assinaturas Revista Recreio~15/0182/08/04 ~ 29/mar/20082.142.000,00
5.155 assinaturas Revista Recreio~15/0670/08/04 ~ 12/ago/20081.840.335,00
25.702 assinaturas Revista Recreio~15/0149/09/04 ~ 17/abr/200912.963.060,72
2.259 assinaturas Revista Recreio~ 15/0528/09/04 ~ 1/set/2009891.220,68

PARCIAL18.907.616,40
95.316 Atlas Nacional Geographic vols. 1 ao 26, sendo 3.666 exemplares de cada volume~ 15/00273/09/04 ~ 28/mai/2010733.200,00
5.200 assinaturas da Revista Veja - (Sala de Leitura) ~ 15/00547/10/04 ~ 29/mai/20101.202.968,00
5.449 assinaturas da Revista Veja - (Sala de Leitura)~ 15/0355/09/04 ~ 20/mai/20091.167.175,80

TOTAL52.014.101,20

Viomundo — Impressão ou as compras de "papéis" da SEE-SP são uma barafunda?
NaMaria — Não é impressão. É real. Se analisarmos os últimos 16 anos dos tucanos na educação em São Paulo, você descobrirá que não há um projeto verdadeiro de educação. Há "projetos", para atender "interesses" de A ou B.

O universo das compras da SEE-SP é monumental, compra-se de tudo. E isso facilita compras de papelório de editoras, gráficas, fundações vinculadas aos meios de comunicação.

Aliás, as vendas maciças de papelório à FDE coincidem com o apoio crescente da mídia à candidatura José Serra e apoio ao PDSB. As publicações são apenas cortina de fumaça. Uma desculpa perfeita, pois com o dinheiro do FNDE podem-se comprar tais coisas sem grandes problemas. Porém, o que a FDE comprou, de verdade, foi a palavra nesses espaços.

Viomundo — Daria para clarear essas compras de papelório?
NaMaria — São confusas, mesmo. Muitas coisas são para os alunos, pelo menos são compras que pertencem a "projetos" criados para os alunos. É o caso dos livros do Ler e Escrever, também os do Sala de Leitura.

Tem muito projeto para incentivar a leitura, mas a biblioteca é um horror na maioria das escolas. Ou falta espaço físico, pois ela passa a ser um depósito de computadores "velhos", apostilas "velhas", materiais em geral. Ou há desinteresse administrativo. Ou, ainda, falta de competência mesmo. Criaram então um "projeto" em que os alunos levam os livros para casa e fazem sua própria biblioteca, eles não ficam na escola.

O que se vê em todos é um gasto fenomenal de dinheiro, algumas vezes com escolhas inapropriadas para idade/série. Não há dúvida de que é bacana o aluno, sobretudo o mais carente, ter sua pequena biblioteca, mas infelizmente há mais coisas por trás disso.

Viomundo — Esses livros são "trabalhados" nas salas de aula?
NaMaria — Não dá para saber ao certo, embora a SEE crie materiais (e capacitações presenciais e on-line), ensinando os professores a usar os materiais que coloca nas classes.

Eu gostaria muito de saber como são usadas, por exemplo, as centenas de milhares de exemplares do Guia do Estudante Atualidades Vestibular e a Revista do Professor – Atualidades, da Abril. Elas são "primas" e caminham juntas. Se a gente olhar por alto alguns contratos, entre 2008-2010, vemos os gastos de mais de R$25 milhões. Mas como, exatamente, funcionam na escola não há registro por parte da SEE-SP ou da FDE. São informações que não chegam ao público comum.

No entanto, é facílimo averiguar. Não para nós, claro. Basta um grupo de deputados – eles tem passe livre – ir até algumas escolas, e analisar construções, mobiliários, reformas, livros, apostilas, computadores, merenda, entre outras coisas. Escolham as mais distantes, evitem as mais próximas ou as consideradas "melhores" pelo padrão FDE. E cheguem sem avisar, principalmente. Depois, divulguem amplamente os resultados. Duvido que tudo esteja o mar de rosas que a Secretaria da Educação de São Paulo anuncia nas propagandas.

Viomundo — Qual a sua avaliação dos tais Caderno do Aluno [tem também o Caderno do Professor], que são apostilas como as de cursinho pré-vestibular?
NaMaria — Os Caderno do Aluno são considerados materiais pedagógicos. Apoiado pelo mesmo pessoal que o acompanha desde o MEC, o Paulo Renato achou bacana ter essas apostilas. A FDE fez licitações para a impressão [serviços gráficos], contratou professores especialistas em cada área, montou equipe interna de técnicos e mandou ver, como o NaMaria mostrou (aqui) em novembro de 2009.

O estarrecedor, como sempre, foi a quantidade de dinheiro entregue às seis gráficas ganhadoras, entre elas aquela metida com o vazamento do ENEM, a Plural, do grupo Folha. Até novembro de 2009, a Secretaria da Educação, via FDE, havia entregado às empresas quase R$84 milhões [valores não atualizados]. A Plural foi a que mais recebeu: R$28 milhões. Fez inclusive apostilas que não estavam no edital. O levantamento precisa ser atualizado em 2010, algumas gráficas saíram, outras entraram e os valores certamente são outros. É preciso acrescentar muito dinheiro à essa conta.

CADERNO DO ALUNO - GRÁFICASCONTRATO / LINK D.O.VALOR
Caderno do aluno - Editora FTD (Artes e Ciências)~ 36/2912/08/05 ~ ver NaMariaNews 12.554.353,96
Caderno do aluno - Ibep (Geografia e Filosofia)~ 36/2912/08/05 ~ ver NaMariaNews12.996.463,72
Caderno do aluno - Esdeva (Física e História)~ 36/2912/08/05 ~ ver NaMariaNews13.572.846,25
Caderno do aluno - Multiformas (Matemática e Sociologia, mas caiu fora - fica Plural)~ 36/2912/08/05 ~ ver NaMariaNews3.386.494,74
Caderno do aluno - Posigraf (Inglês e Química)~ 36/2912/08/05 ~ ver NaMariaNews13.286.501,68
Caderno do aluno - Plural (Bio/Port/Mat/Sociol/Educ.Física)~ 36/2912/08/05 + 36/1641/09/05 ~ ver NaMariaNews28.113.283,98

PARCIAL83.909.944,33

Viomundo — O que sabe mais dos tais Caderno do aluno?
NaMaria — Além do mapa com dois Paraguais, de eles terem sido encontrados em caçambas de lixo, os alunos criaram sites com as respostas. Por exemplo, recentemente teve o caso do link que levava os alunos ao impróprio Naked News em vez de site de conjunto de jornais. O NaMaria foi o primeiro a divulgar isso, lembra-se?

Os professores da rede também criticam abertamente a qualidade desses materiais. Pelo que observo na internet, a maioria não os utiliza em sala de aula, mas representantes da FDE já anunciaram a continuidade das publicações – sabe-se lá até quando. É um belo negócio, esse do ensino apostilado.

Viomundo — As editoras privilegiadas por essas compras têm também gráfica. É só coincidência?
NaMaria — As compras gráficas realmente merecem carinho especial. Se a SEE-SP tivesse gráfica, ela seria das maiores do Brasil. O estado tem a Imprensa Oficial, que poderia — e é usada pela SEE – mas nada se compara aos contratos com empresas privadas. Por exemplo, a Positivo começou como gráfica e hoje, muito graças à Secretaria da Educação de São Paulo, é uma gigante na informática. Para comprovar, basta seguir a história da empresa no DO desde o começo da informatização mais pesada do estado. A Positivo tem a Posigraf, que presta serviços de milhões e milhões à SEE-SP. Não podemos esquecer que bobina de papel é dinheiro disfarçado, faz milagres em eleições, sabia?

Viomundo — E as assinaturas dos jornais Folha e Estadão, Veja, Nova Escola, IstoÉ, Época...?
NaMaria — Dizem que são "materiais" para uso nas salas de professores, na administração e, claro, como apoio em sala de aula. Mas novamente não sabemos como isso se dá, nem qual a justificativa legal para tais compras. Como esses contratos dispensam licitação, não aparecem em DO, embora devessem. Por isso não sabemos a justificativa. Dá só para a gente imaginar – e ninguém pode reclamar se imaginarmos errado.

JORNAIS IMPRESSOSCONTRATO / LINK D.O.VALOR
5.449 assinaturas da Folha de São Paulo~ 15/0200/09/04 ~ 12/mai/20092.704.883,609
5.200 assinaturas da Folha de São Paulo - Proj. Sala de Leitura~ 15/00550/10/04 ~ 8/jun/20102.581.280,00
5.449 assinaturas do Estado de São Paulo~ 15/0199/09/04 ~ 15/mai/20092.691.806,00
5.200 assinaturas do Estado de São Paulo - Proj. Sala de Leitura~ 15/00545/10/04 ~ 28/mai/20102.568.800,00

PARCIAL10.546.769,60

EDITORA BRASIL 21 - REVISTA ISTO ÉCONTRATO / LINK D.O.VALOR
5.449 assinaturas Revista Isto É~ 15/0358/09/04 ~ 19/mai/20091.260.898,00
5.200 assinaturas da Revista Isto É~ 15/00548/10/04 ~ 27/mai/20101.203.280,00

TOTAL2.464.178,00

Quer outro exemplo de absurdo? Há um certo curso de idiomas que está acontecendo agora, outro projeto-piloto. A SEE-SP contratou algumas empresas particulares para fazer o que os professores da rede deveriam fazer: ensinar idiomas aos alunos estaduais. Mas como o projeto chama-se Programa de Aperfeiçoamento em Idiomas, fica parecendo que está tudo correto. Mas ele é muito estranho. Além de uma das empresas, a Multi Treinamento e Editora Ltda, estar em todo canto, pagam mais às empresas terceirizadas do que aos professores públicos. O NaMaria está pesquisando isso.

Viomundo — Da perspectiva de educação tem sentido a compra desse papelório?
NaMaria — Nem todas as compras parecem ter sentido. Sobretudo as feitas sem licitação, como aquelas das assinaturas de Veja, IstoÉ, Época, Folha, Estadão, El País e jornais do interior que mostrei no blog (aqui).

Há pedidos de informação na Assembleia. Há casos em investigação no Ministério Público de São Paulo. Mas não se sabe muita coisa, pois não publicam, demoram demais.

O fato é que o Tribunal de Contas aprova a maioria dessas compras sem ressalvas, julgam "regulares" e ponto. Quando ocorre o inverso, raras vezes, algo se passa que acabam bem da mesma forma, justificam-se as compras e tal. Mas como não temos acesso público às justificativas, sejam quais forem, a incógnita permanece.

Não há tanta transparência assim quanto dizem. Qual o sentido de se comprar só a Veja sendo que há a Carta Capital no mercado também? Por que apenas a Nova Escola se temos a Carta na Escola? Por que não licitar entre as editoras? Qual o sentido de gastar muitos milhões em Microsoft se há softwares livres ou outros que fazem o serviço melhor que os da Microsoft? Por que lançar um programa de venda de computadores para professores e nas máquinas estarem instalados o sistema operacional e as montanhas de tranqueiras da Microsoft que jamais serão usadas?

Ou seja: lançam um programa de "computadores mais baratos" e eles são de marca fornecedora da FDE há séculos (Positivo, por exemplo), com sistema operacional Microsoft e por aí vai. Por que criar apostilas cujos conteúdos são um tanto problemáticos, além de caríssimas, em vez de manter os livros aprovados pelo MEC e ao gosto do professor e seu currículo? Creio que estas e outras perguntas deveriam ser respondidas pelos professores e, logicamente, pelos alunos.

Viomundo — E a Globo onde entra nessas compras da FDE?
NaMaria — Via Fundação Roberto Marinho. Aí, há as apostilas do Telecurso, além dos cursos técnicos comprados pelo Estado. Ou através da Editora Globo, que vende livros, revistas… Pelo que achei até agora temos o pequeno valor de R$54.184.737,71 – entre os anos de 2005 e 2010. Bom, né?

FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO - TELECURSO etc.CONTRATO / LINK D.O.VALOR
Programa de Formação Técnica e Qualificação Profissional-CEETEPS~ Proc.3238/05-Contrato 245/05 ~ 30/dez/200517.882.398,00
Projeto TELECURSO TEC-Gestão de Pequenas Empresas, semipresencial, até 50 mil alunos~ 15/0356/08/04 - inicial ~ 10/abr/200818.021.962,00
Projeto TELECURSO TEC-Gestão de Pequenas Empresas, semipresencial, até 50 mil alunos~ 15/0356/08/04 - Aditamento 1 ~ 10/dez/20082.399.634,00
Projeto TELECURSO TEC-Gestão de Pequenas Empresas, semipresencial, até 50 mil alunos~ 15/0356/08/04 - Aditamento 2 ~ 30/abr/2010valor no DO??
Curso Técnico de Gestão de Pequenas Empresas-TelecursoTec (Ed.IBEP Gráfica)~15/0710/08/05 ~ 18/jul/20082.479.997,00
CEET Paula Souza - Aquisição de livros e kits de DVD's (Editora Gol)~ Proc.2340/10-Contrato113/10 ~ 18/mai/2010400.750,00
Publicações e DVD’s Novo Telecurso Ensino Fundamental (Editora Gol)~ 15/0514/09/05 ~ 26/ago/20094.000.000,00
Publicações e DVD’s Novo Telecurso Ensino Médio (Ed. IBEP Gráfica)~ 15/0533/09/05 ~ 29/ago/20098.999.994,71

TOTAL54.184.737,71

ED. GLOBO - REVISTAS ÉPOCA e GALILEUCONTRATO / LINK D.O.VALOR
5.449 assinaturas Revista Época~ 15/0354/09/04 ~ 21/mai/20091.190.061,60
5.200 assinaturas Revista Época~ 15/00546/10/04 ~ 11/jun/20101.202.968,00
18.284 assinaturas Revista Galileu - 2 exemplares/ classe de 4ª série e 4ª série PIC~15/0176/09/04 ~ 24/abr/20091.918.722,96

TOTAL4.311.752,56

Viomundo — Todas essas compras são feitas sem licitação, mesmo? Isso não seria irregular?
NaMaria — A maioria é sem licitação. A lei da inexigibilidade de licitação – artigo 25 inciso I, da Lei 8666/93, permite isso. A questão é que os contratos, mesmo sem licitação, e a respectivas justificativas deveriam estar no Diário Oficial. Pelo menos esses negócios ficariam mais transparentes. Mas isso não acontece na maioria dos casos. Como eu já disse: as outras secretarias até publicam no DO, a Educação, raramente. Estranho, não é?

Poderíamos pensar em "ilegalidade" já que frequentemente há similares no mercado. Mas isso não é respeitado ou considerado.

Por outro lado, como se explica a compra por licitação dos materiais do Telecurso da Fundação Roberto Marinho para as escolas técnicas e os supletivos? O NaMaria tratou disso (aqui). Por que fazer licitação para um material que somente a Fundação Roberto Marinho faz? Por que sempre entre as mesmas três gráficas licenciadas?

A gente tem de se esforçar e crer que são totalmente legais ou o mundo estaria perdido. Mas é preciso analisar mais profundamente. Por exemplo, há casos de licitações bastante estranhos. O certame para fazer "eventos" é um deles. Tudo indicava um ganhador, uma empresa campeã de contratos, a Objetiva, que é do Eduardo Graziano — irmão do Xico Graziano, funcionário público do governo FHC (assim como o irmão), e depois do Serra. A Objetiva sempre levava todas no mundo governamental, é muito influente.

Por mais que eu leia o DO, os editais e tudo mais, menos entendo esse caso. Nós publicamos no NaMaria o lançamento do edital em 18/agosto/2009 e contamos parte da história, baseada nos documentos oficiais. Apostamos na Objetiva, porque o histórico da empresa sugeria a vitória certa. Mas, no final ela perdeu. Publicamos novo texto com maiores levantamentos. Às vezes quem perde é mais empolgante do que quem ganha. Realmente foi algo "inexplicável", entende?

Os editais, quando há licitação e são dispostos ao público, mostram muito mais do que se imagina. As compras de software, sempre Microsoft, são impressionantes. Há especificações tão "específicas" que sugerem que são dirigidas.

Aliás, se lermos com atenção as entrelinhas desses "projetos", acompanharmos o que rezam os editais e conversarmos com professores e alunos, fica patente a filosofia da SEE-SP. Primeiro, vêm os "negócios", depois o planejamento.

Viomundo — E agora?
NaMaria — Estamos diante de uma situação, cada vez mais preocupante. Há, por exemplo, um grupo de fornecedores específicos que estão no estado há muito tempo. Mesmo com reclamações, multas, serviços péssimos, eles continuam. As empresas camaleão também estão presentes. Empresas que fazem negócios em nome de outras que foram de fato ganhadoras, também – é o caso das antenas parabólicas, do Alckmin, que tem no blog. Ou seja: há uma espécie de terceirização até nisso.

O fato é que, embora tenhamos dinheiro e profissionais para tornar a educação pública de São Paulo equivalente às melhores existentes no mundo, os "negócios" tornaram-na um lixo. É necessária uma devassa nos contratos da FDE e da SEE-SP. Quem vai fazer isso com isenção e seriedade necessárias? Lanço aqui no Viomundo este desafio.