Qual razão para incentivar que os alunos de escolas públicas paulistas estudem a língua espanhola? Para que eles possam participar do esforço pela integração latino-americana, em especial a proporcionada pelo Mercosul.
Mas se o governo do PSDB é declaradamente contrário ao Mercosul, então eles não fazem nada para que a língua dos nossos hermanos seja estudada nas escolas estaduais, certo?
Errado. Para comprovar, o governo de São Paulo está comprando jornais para os alunos estudantes de espanhol. Qual jornal? Argentino, chileno, uruguaio, venezuelano ou paraguaio...? Diários desses países poderiam ajudar na prática da língua espanhola e, também, possibilitar que os estudantes conheçam a realidade dos vizinhos do nosso continente, não é?
Não, claro que não. O PSDB é contra o Mercosul e por isso não assinaria jornais desses países. Então o que fez o governo do PSDB de São Paulo, em especial a Secretaria da Educação? No dia 28/abril/2010 lançou em Diário Oficial a seguinte compra sob o número 15/00024/10/04:
Que bacana. Ou seja, o Sr. Paulo Renato Costa Souza aproveita a boa intenção de introduzir a língua espanhola para fazer mais um bom negócio, semelhante àqueles feitos com a Folha de SP, Estadão, Nova Escola, Fundação Roberto Marinho...
Mas por que o El País e não jornais dos participantes do Mercosul? Porque o PSDB, com seu contumaz elitismo, continua de costas para a América Latina e de olho na Europa e nos EUA. Não que o El País seja um tenebroso jornal, afinal reconheceu Lula e Dilma Rousseff como "Líderes de 2009", mas qual é o sentido de comprar só ele – e com dispensa de licitação? Será que aí tem coisa?
Amigos y negocios de siempre
Pues veyamos. Lembremos que o El País pertence à Prisa, cuja qual é dona, também, do Grupo Santillana e como já mostramos aqui e no Cloaca News, o grande pensador Paulo Renato Costa Souza, Secretário da Educação do Governo Serra, é Conselheiro Consultivo da Fundação Santillana. Seu escritório, PRS Consultores, fica (ainda? não dá para saber, o site sumiu) no mesmo edifício/14º andar (Av. São Gabriel 201) e dava assessoria à Santillana (entre várias, como a Fundação Lemann, Positivo, Moderna, Gerdau). Assim como outro escritório (de seu filho), a Prismapar, que tem como clientes a própria Santillana, bem como outra editora da Prisa, a Moderna, que por sua vez tem a Avalia Assessoria Educacional, que fica no mesmo edifício/14º andar e é cliente da PRS Consultores (repare atentamente nesta foto institucional). Fato interessante, pesquisas indicam íntima relação do Sr. Paulo Renato e a Avalia, uma instituição especializada na avaliação de escolas e sistemas educacionais das redes particular e pública. Resultado da soma da experiência de instituições de renome como o Grupo Santillana, Fundação Carlos Chagas e a Paulo Renato Souza Consultores... Será que uma coisa teria a ver com a outra?
Acompanhando o incentivo do aprendizado do espanhol da Espanha através dos CEL's e celebrando a chegada do El País nas salas de aula paulistas, a famosa Rede do Saber – também citada aqui, no espetacular caso arquivado das antenas parabólicas – abraçou o projeto “El País nas Escolas” (registrado em nome da Editora Moderna), sob a tutoria de Elena María Barcellós Morante, cujo vídeo altamente explicativo da teleconferência do dia 20/abril pode ser visto aqui.
Pelo DO ainda não se sabe o preço ou as quantidades a serem adquiridas. Mas pelas imagens sabe-se do plano de enviar 1 exemplar para cada 10 alunos. Também fica-se sabendo que há cadernos do aluno e do professor e que a primeira entrega dos materiais foi em 27 de abril, antes, portanto, da publicação do negócio no DO. Os exemplares deverão chegar às terças-feiras, até novembro/2010. Entretanto, aos 13:48 a primeira professora a falar na teleconferência, após os responsáveis discursarem as maravilhas do projeto, já entrega que não recebeu o caderno do professor; em seguida a justificativa da SEE. De acordo com o regulamento, os alunos deverão produzir um jornal, os melhores serão premiados. Estranhamente, não há qualquer referência sobre a tal premiação no site mencionado, também não há outras informações relevantes do tipo: quem já participou, quantos alunos, os trabalhos realizados, os resultados obtidos; não há qualquer forma de avaliação das metas, não aparece nenhum produto, não há interação. Que projeto é esse, afinal? Temos de nos contentar com o PDF das apostilas do aluno e do professor se quisermos tirar conclusões ínfimas.
Ao dar umas vistas nos valores das assinaturas praticados, juntar com uma estimativa de alunos/CEL's, analisar os astros etc., concluímos que apostar entre 700 mil e um milhão de reais pode ser quanto a SEE vai gastar na façanha de ensinar espanhol para alunos utilizando jornal + técnicas jornalísticas + exemplares do periódico (+ algumas coisas que nem podemos supor). Pouco dinheiro? Já é um começo.
Vamos aguardar as atualizações em DO.
Outras relações em teia
Em SP esses centros de ensino de idiomas chamam-se CEL's (Centros de Estudos de Línguas). E em Brasília? Chamam-se CILs (Centros Interescolares de Línguas).
O projeto El País nas Escolas é inédito? Não. Ele já foi inclusive feito no DF, exatos moldes, sendo que em 20/fevereiro/2010 noticiaram pela Secretaria de Educação que o recente vencedor foi o CIL de Sobradinho. Desejamos aos dois alunos vitoriosos boa viagem à Espanha. Aos outros 18 participantes que ficarão, nuestros saludos.
Trata-se, pois, de projeto/concurso pedagógico veterano para vender singelos exemplares do periódico às Secretarias de Educação. Que o diga a Diretora de Relações Institucionais da Santillana/Moderna, Mônica Messemberg Jabour Costa (hoje Messemberg Guimarães), responsável pelos contatos entre governos e prefeituras: sem sombra de dúvidas, sabe tudo do projeto. Ela já foi Secretária Adjunta de Previdência Complementar de novembro de 1997 a março de 1998, no lugar de Carla Grasso (esposa de Paulo Renato, que por sua vez saiu para trabalhar com o empresário Benjamin Steinbruch, na Valepar; atualmente é Diretora-executiva na Vale do Rio Doce). Depois a Sra. Mônica foi Secretária-executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, quer dizer: braço direito de Paulo Renato enquanto ele esteve no poder em Brasília. Parece seguir no ritmo até hoje.
Em tempo¹: quer saber o que pensa o Sr. Paulo Renato Costa Souza sobre ensino de idiomas nas escolas públicas e quais seus enlevos quanto ao tema? Tenha paciência e assista mais esta película institucional cativante - é munição preciosa que não acaba mais.
Em tempo²: Se o El País está na Internet graciosamente, se as escolas possuem salas de informática montadas a preço de ouro com máquinas alugadas da CTIS (inclusive com laptops, de acordo com o edital do contrato), se há alunos monitorando as salas e tudo está em perfeita ordem..., por que fazer assinaturas do jornal? Será que os 92 CEL's não estão equipados? Eles não funcionam dentro das escolas estaduais?
Esse menino, o Paulo Renato, é do balacobaco né não, dona NaMaria?
ResponderExcluirArrepiei! É muito transmimento!!!
ResponderExcluirNamaria
ResponderExcluirLeia a revista Carta Capital de 31 de março deste ano e você vai fazer novas conexões.Máfia taliana no Brasil e também na Espanha ( também na área de Saúde )
Material que não acaba mais.
Sou professora na SEE/DF e gostei dessa nova informação eu confesso que não sabia dessas assinaturas espanholas.
Há problemas também nos projetos de aceleração escolar e a FIESP está envolvida (fraude grossa).
Nós aqui em Brasília estamos municiando a PGR com novos dados.Estamos investigando desde 2002 os Governos Roriz e Arruda e agora esse Rosso.
Para novos materiais
www.anacruzzeli.ning.com
Parabéns pelo seu trabalho investigativo, unidos venceremos essas quadrilhas.
Chiiii.... fedeu!!!
ResponderExcluirNamaria,
ResponderExcluirNão deu! Meu estômago não é assim tão forte!
mais um excelente trabalho sobre o quão safados são este pessoal.
ResponderExcluiré impressionante, NaMaria.
NaMaria: pensar que votei no Paulo Renato. Pobre Montoro, deve estar se remexendo no túmulo, ao ver que os seus correligionários estão com procedimentos semelhantes aos malufistas. Alfredo dAvila
ResponderExcluirNaMaria: pensar que votei no Paulo Renato. Pobre Montoro, deve estar se remexendo no túmulo, ao ver que os seus correligionários estão com procedimentos semelhantes aos malufistas. Alfredo dAvila
ResponderExcluirO cara-de-pau é um tremendo
ResponderExcluir"vasilina"!
A quem interessar possa,
ResponderExcluirmontoro não usava métodos diferentes.
O PSDB é especialista em fazer ações entre amigos com o dinheiro do Estado. Aí está mais uma ação entre amigos que beneficia o nobre secretário da Educação, o privatista Paulo Renato!
ResponderExcluirAlguém duvidou da honestidade do Montoro. E o Covas? Será que ele também fazia ações entre amigos diletos do PSDB? Seus sucessores fazem!
La pregunta es: donde está la policia en este caso?
ResponderExcluirSeñor Paulo Renato es ratero en piel de lo cordero.
ResponderExcluirPaulo Renato e os Irmãos Cats não seria um denominação interessante?
ResponderExcluirPaulo Renato ee um monstro.
ResponderExcluirO Rei da espanha é espanho e, portanto, fala espanho. Ou não. Assim, súditos devem fazer reverências que o soberano entenda. Senão pode pensar que é xingamento.
ResponderExcluirO Rei da espanha é espanhol e, portanto, fala espanhol. Ou não. Assim, súditos devem fazer reverências que o soberano entenda. Senão pode pensar que é xingamento.
ResponderExcluirOi, NaMaria.
ResponderExcluirMinha filha faz Italiano num Centro de Linguas numa escola estadual no Ipiranga em São Paulo.
O curso é excelente, graças a boa vontade da professora, claro e me parece que o sistema é bastante organizado. E acho que de muita valia uma vez que cursos oferecidos de italiano, alemão, frances e japones são bastante caros e esses alunos jamais teriam condições de pagar.
Agora, material didático fornecido pelo governo nao existe.
O que existe é um sistema de apostilas comprado pelos proprios alunos.
Me surpreendi com o que vc descobriu sobre assinaturas?, computadores? lá no curso da minha filha não tem nada disso não.
Abraços
Perdão por não entrar na essência da discussão levantada pelo blogue, e me ater a um detalhe paralelo, que cria ruído desnecessário à sua denúncia.
ResponderExcluirComo assim, "Não que o El País seja um tenebroso jornal, afinal reconheceu Lula e Dilma Rousseff como "Líderes de 2009"?
Meu caro, se se der ao trabalho de ler os jornais dos países vizinhos,produzidos pelas elites locais, na maioria esmagadora, vai até encontrar (poucos) bons. Mas nenhum que chegue aos pés do El País, um dos melhores do mundo. E dos mais à esquerda, entre os jornalões, diga-se de passagem.
Ou você acha que deveriam distribuir o ABC Color, do Paraguai? O El Universal, da Venezuela? Imagino o que diria se o escolhido fosse o importanta jornal argentino Clarín.
El País trata as questões da Am. Latina com uma profundidade e qualidade invejáveis. Não dá para concordar que o critério para retirá-lo da lista de "tenebrosos" seja o fato de ele ter premiado a candidata petista...
Isso não é uma defesa de Paulo Renato, mas uma crítica contra o uso de qualquer tipo de argumento no (bem-vindo) debate político e na fiscalização das otoridades.
saudações!
Outra razão para a escolha do El País é o fato desse jornal ser radicalmente contrário a todo e qualquer movimento progressista latino-americano, como os que são vistos na Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba. Assim já vão doutrinando a cabecinha dos estudantes.
ResponderExcluirEstudo em escola estadual e nunca recebi, nem foram usadas esses jornais e revistas em aula.
ResponderExcluirAcho que estão no gabinete do Serra, do Goldman ou do Paulo Renato, a fim de alimentar o ego destes. Mas também não me faz falta ler as baboseiras da VEJA.